Cine Humberto Mauro recebe retrospectiva de Spike Lee a partir de sexta-feira

Thiago Pereira
talberto@hojeemdia.com.br
26/07/2017 às 16:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:46
 (Divulgação)

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Shelton Jackson Lee é daqueles artistas que conseguiram imprimir uma assinatura na cultura do último século, especialmente sob a etiqueta de arte negra, o que, em um ambiente historicamente segregado como Hollywood, torna-se sinônimo de resistência.

Portanto, nada mais coerente que o cineasta receber uma retrospectiva dentro da programação do 3º Inverno das Artes (que tem como tema a arte negra), a partir de amanhã. “É um nome que trabalha a cultura popular, urbana,de forma muito contemporânea. Ele fez uma espécie de ponte histórica entre o cinema Blaxploitation dos anos 1970, para uma outra forma de expressão da cultura negra”, diz Vitor Miranda, curador da mostra, com Bruno Hilário. Vale lembrar que, além dos filmes, no dia 10 de agosto, o pesquisador e curador especializado em cinema negro Heitor Augusto ministra uma palestra sobre a carreira e estética do diretor.

Sob o correto codinome Spike–que em tradução coerente com a trajetória de Lee, seria algo como “espeto” – o cineasta se notabilizou por abordar, sem amarras, temas latentes da comunidade negra norte-americana (e que se espraiam com seus devidos redimensionamentos pelo mundo). Nos 20 filmes selecionados para a mostra, o público encontrará temas como desigualdade social, relações raciais bélicas e a representação de ícones desta cultura –caso de “Malcolm X” (1992).

Do moleque que assinou um de seus primeiros trabalhos (“The Answer”, de 1980) como uma resposta ao racismo, um traço inaugural no cinema (com “O Nascimento de Um Nação”, de D.W Grifth, em 1915) até os emblemáticos “Ela Quer Tudo” (1986), “Faça A Coisa Certa” (1989) e “Febre da Selva” (1991), Lee cimentou na calçada da fama um novo cinema negro, personalíssimo em seus diálogos espertos, da “rua”, e suas complexas narrativas que misturam diversas histórias e personagens.

“Faça a Coisa Certa”, destaque da mostra, é exemplar nesse sentido. “É uma crônica, onde o filme se passa basicamente numa quadra do Brooklyn”, diz Miranda. “Mas retrata todo um universo, onde vários personagens, estereótipos e raças diferentes se encontram e um embate cultural se desenvolve ali. Foi um sucesso de publico e crítica, e ele meio que modernizou o que seria o cinema negro depois disso”.

E no ano que o Oscar premiou “Moonlight” como melhor filme, depois de uma série de películas com a temática da cultura negra – que possuem uma “forma nova de representação da cultura negra, diferentes da dele”, como lembra Miranda, nada mais justo que jogar luz no pioneirismo (e no ativismo) do diretor.

Serviço: Mostra Spike Lee no Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes- (Av. Afonso Pena, 1537–Centro). De amanhã até 17 de agosto. Entrada Gratuita

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