Feira busca fomentar setor audiovisual em MG

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
31/05/2016 às 18:48.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:41
 (CARLOS RHIENCK/ARQUIVO HD)

(CARLOS RHIENCK/ARQUIVO HD)

Já era hora de Minas Gerais ver a produção audiovisual como um setor estratégico. Para Marco Aurélio Ribeiro, presidente da Associação Curta Minas, um dos participantes da “MAX – Minas Gerais Audiovisual Expo”, com início nesta quarta-feira (1), na Serraria Souza Pinto e no Museu de Artes e Ofícios, a feira tem esse papel de abrir os horizontes para uma área que nunca recebeu a devida atenção.

"Não é só extremamente oportuno, mas até mesmo urgente que o nosso Estado, historicamente uma potência na produção audiovisual brasileira, finalmente tenha pensado o investimento no setor como estratégico”, registra Marco Aurélio, destacando que o audiovisual vive um momento pujante, principalmente por se tornar uma das principais ferramentas de comunicação.

Indutor ao turismo

Promovida pelo governo mineiro, a MAX espera reunir mais de 3 mil pessoas para fomentar a cadeia do audiovisual no Estado. Até domingo (5), produtores e realizadores se encontrarão com distribuidores e exibidores para apresentar seus projetos na rodada de negócios. Mais de 200 projetos, de 130 empresas, foram selecionados. Também serão realizados 66 painéis que debaterão aspectos da produção no país.

"Hoje, com a TV a cabo e, mais importante do que isso, com a possibilidade de se acessar conteúdo em quase qualquer lugar a partir dos dispositivos mobile, o audiovisual vem se firmando como o principal meio de transmissão de conteúdos. Além deste cenário, o audiovisual é muito mais do que um produto por si só, pois é capaz de sintetizar inúmeros agregados, como a expressão cultural, e servir de indutor ao turismo”, destaca.

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Preservação

Daniela Fernandes, que coordena o projeto “Curta Circuito” e participará de uma das mesas, sobre a questão da preservação digital, enxerga na MAX um importante reforço no fomento ao audiovisual mineiro. Dentro de seu foco de interesse, ela ressalta que é preciso discutir e pensar em ações efetivas num momento de transição entre a película e o digital.

“Devido ao cenário de larga produção, por conta do acesso proporcionado pela produção em suporte digital, a preservação vive um momento de análise e definição quanto ao seu futuro”, pondera Daniela, que lembrará a experiência com a restauração de “Tostão, a Fera de Ouro” (1970), que assegurou a permanência dos originais, sua capacidade de copiagem e a possibilidade de se produzir novos materiais de exibição.

Diretor indaga sobre a real necessidade de uma feira local

Diretor de “O Menino no Espelho”, Guilherme Fiúza se diz reticente com os resultados da MAX. Sua indagação é em torno de um mercado audiovisual mineiro ainda incipiente. “O que me parece é que estão passando os carros na frente dos bois. Será que essa feira dará um retorno real para a gente?”.

Para Fiúza, era fundamental que o governo dialogasse primeiramente com o setor, discutindo as suas reais necessidades. “Vejo que as ações são muito de cima para baixo”, critica o realizador, citando o caso da reabertura de salas no interior com incentivos estaduais. “E você acha que irão passar filmes mineiros?”, duvida.

Na feira, Fiúza participará de duas mesas e lançará o “Guia de Elaboração de Projetos Audiovisuais – Leis de Incentivo e Fundos de Financiamento”, escrito com Júlia Nogueira.Luiz costa /ARQUIVO HD 

CRIS AZZI – Diretor falará de sua experiência como distribuidor independente, quando lançou “O Dia do Galo” em 2015, conseguindo bom público sem o apoio de distribuidoras

O diretor Cris Azzi, que participará de mesa sobre distribuição, lembra que os realizadores mineiros têm participado do “Rio Content Market”, no Rio de Janeiro, a maior feira do audiovisual no país, mas que, por ser muito grande, o acesso aos players era um pouco mais difícil. “Aqui você tem a possibilidade de um encontro mais próximo”, ressalta.

Mas Azzi revela preocupação devido à grande atenção ao negócio, lembrando que há diretores mineiros de qualidade, que não querem ser gestores, e que precisam ser valorizados. “Não vejo um interesse dos realizadores mais artesanais, independentes, em fazer coproduções, principalmente pelo fato de aqui não ser um polo audiovisual”, pondera.

Confira a programação completa aqui.

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