‘Moana: Um Mar de Aventuras’ troca princesa por heroína preocupada com seu povo

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
20/01/2017 às 17:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:29

Quando a mulher assume o papel principal, as chances de as animações da Disney/Pixar exibirem uma preocupação mais consistente com a questão étnica e social são bem maiores, a ponto de um símbolo do estúdio, construído por décadas e top de linha na área de merchandising, ser praticamente abandonado – o universo das princesas – no filme “Moana: Um Mar de Aventuras”.

No instante em que a filha de um chefe tribal rejeita esse rótulo, preferindo ser definida como guerreira, um novo mundo se abre, atrelado a causas atuais, envolvendo o empoderamento da mulher, o que ajuda a acabar com o ranço que a própria Disney criou na animação, em torno de mulheres submissas e a expectativa de um príncipe encantado – cada vez menos perfeito, diga-se.

Em “Moana”, a obrigatoriedade de um parceiro é inexistente. Não se fala em amor para toda a vida, pois a vida de um povo vem em primeiro lugar. 
A garota é, sim, uma heroína, mas não conta com superpoderes. Sua força vem de dentro, na afirmação de suas convicções, orientação que também acompanha as animações “A Princesa e o Sapo” e “Valente”, protagonizadas por mulheres.

Ensinamentos
Essa vontade de mudar e quebrar paradigmas está estampada nas relações de Moana com um semideus, a quem pede ajuda para trazer bonança novamente à sua ilha. Enquanto ela não abre mão de seus objetivos, Maui é só exibicionismo e perda de tempo, deixando a humanidade de lado após perder a sua arma. O ensinamento parte de Moana, que mostra ao semideus que ele não precisa de mais nada além de coragem e amor.

Esse encorajamento está atrelado à cultura ancestral dos povos tribais da Oceania, que, caso raro, não é pincelada com sátira, criando piada a partir de suas peculiaridades. O roteiro está longe disso, com o humor surgindo da interação difícil dos personagens. E é interessante observar que tanto “Moana” quanto “A Princesa e o Sapo” e “Valente” são trabalhos que não só respeitam culturas diferentes como as engrandecem.

A história da deusa responsável por proteger os nativos é uma grande metáfora sobre a trajetória da mulher na sociedade: antes vilanizada, ao ser inferiorizada e descaracterizada, ela se revela como a saída para um mundo harmônico, incentivando as grandes navegações, simbólicas por almejar mudanças urgentes em nossa forma de viver. O mar em “Moana” não é só de aventuras, mas de aprimoramento humano também.

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