Clara Arreguy lança 'dia de sol em tempo de chuva'

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
27/02/2016 às 09:36.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:36
 (Paulo de Araújo/Divulgação)

(Paulo de Araújo/Divulgação)

Em 2013, a escritora e jornalista Clara Arreguy atravessou Portugal de bicicleta, pelo litoral, rumo ao norte. Cumpria, pela segunda vez, o célebre Caminho de Santiago de Compostela – só que, dessa vez, pelo chamado “caminho português”.

Durante a viagem, veio o insight de passar pela terra do seu avô paterno, João, que, lembra ela, saiu de uma pequena localidade, Pinheiro d’Ázere, em meados do século 19, para só voltar a descansar as malas em Muriaé, cidade localizada na Zona da Mata mineira.

“Durante a viagem, me veio o desejo de pesquisar a vida daquele jovem João que cruzou o Atlântico para nunca mais voltar”, rememora Clara.

“Ao mesmo tempo, tive a ideia de inventar um neto dele, igualmente João, que, tal como eu, sobe rumo às origens familiares à procura do passado”, diz a mineira, que, neste sábado (27), apresenta ao público o resultado desta mescla de ficção e realidade. Trata-se do livro “Dia de Sol em Tempo de Chuva”, que, na capital mineira, será lançado no restaurante Verde Gaio, no Mercado Distrital do Cruzeiro.

Segredos do Passado

A sinopse, nas palavras da própria autora: aos 90 anos, João, um alfaiate português radicado em Minas Gerais, delira e lembra de sua vida, da juventude em Portugal à luta para criar a família em meio à pobreza e à falta da mulher amada, que morreu jovem.

“Paralelamente, este outro João, neto desse português, aos 60 anos e sofrendo de um câncer, decide ir à terra do avô para descobrir os segredos do passado familiar”.

Para dar calço à trama, Clara Arreguy revela que desde que voltou de Portugal começou a pesquisar a vida do seu avô. Tarefa que, lembra, não foi propriamente das mais fáceis.

“Havia 50 anos que ele tinha morrido, pouca gente que o conheceu estava viva ou com memória para me contar. Mesmo assim, com a ajuda de amigos e parentes, consegui documentos portugueses dele, cartas familiares e até a menção de um título de cidadão honorário em Muriaé”. Mas sim, ainda era muito pouca coisa, “de modo que tive que ficcionalizar boa parte da história, para preencher tantas lacunas”.

Alternância

Para a autora, o grande barato da obra é justamente a alternância de vozes, entre os delírios e lembranças do velho e, no tempo presente, a saga do “jovem” que vai para Portugal porque se vê no fim da vida.

“O neto João tem também uma série de acertos de conta a fazer com sua própria família, a filha, com quem estava brigado, a neta, que ainda não conhece. A história vai do avô dele, com seus antepassados, à neta, com o futuro pela frente”.

Instada a falar sobre sua facilidade com as letras, Clara reconhece que, de fato, tem escrito muito – e lançado muita coisa.

“Desde meados de 2015, me afastei por completo do jornalismo e estou me dedicando exclusivamente à literatura. Vou lançar, ainda este ano, um volume de crônicas originalmente publicadas na ‘Veja Brasília’, que fechou”. Mas não só.

Também no seu rol de projetos está um livro infantil, área em que estará debutando. Não, não terminou. “Acabei de escrever um novo romance, sobre o qual ainda não quero falar”, despista, educadamente.

E mais. “Formalizei minha editora, a Outubro Edições, que atuava informalmente desde 2002. Agora, além dos livros de minha autoria, estou também editando obras de outros autores. No momento, são seis projetos em andamento, de escritores de BH e Brasília”, anima-se.

Serviço:

“Dia de Sol em Tempo de Chuva” – De Clara Arreguy. Editora Chiado (Portugal, 2015). Lançamento neste sábado (27), às 11h, no restaurante Verde Gaio (Rua Ouro Fino, 452, Mercado do Cruzeiro). Informações: clara-arreguy.com

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