Coleção retrata cotidiano de crianças de Norte a Sul

Patrícia Cassese
26/10/2015 às 07:51.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:13
 (Divulgação)

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Encantadores, simples assim. Os oito livros da “Coleção das Crianças Daqui” são de encher os olhos – com direito a ilustrações belíssimas, recortes e, em alguns volumes, fotos...

Vamos às explicações: tudo começou quando a arquiteta e designer gráfico Roberta Asse resolveu dedicar dois anos de sua vida a viagens e pesquisas. Ela arregaçou as mangas e percorreu vários estados do Brasil em busca de boas histórias: Minas Gerais, Bahia, Tocantins, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Pará.

Detalhe importantíssimo: Roberta Asse tinha em mente, desde sempre, recolher histórias das crianças moradoras dos pontos visitados, sem deixar de respeitas expressões de oralidade e regionalismo.
Vamos ser mais claros? Significa que a autora reconta essas histórias da forma como lhe foram narradas. Ou seja, no caso das histórias recolhidas em Minas Gerais, volta e meia o leitor vai se deparar com palavras escritas de forma, digamos assim, “diferente” da que aparece nos dicionários: caso de ocê (você) ou procê (para você).

É o que se chama de linguagem coloquial, e não formal. Um modo que a gente até usa vez ou outra, mas que evita escrever em situações como nas redações da escola– ou aqui, no jornal, nas matérias.

Vejamos um exemplo: quando queremos apontar alguma coisa, muitas vezes dizemos: “Alá”, quando, na verdade, o que certo seria “Olha lá”. Óbvio, pois, que nem todos os mineiros falam mais “procê”, mas, voltamos a frisar, foi a maneira que a autora encontrou para preservar a fidelidade das narrativas que recolheu.
 

Beleza astronômica

Que histórias são essas? Bem, no caso de Minas, temos, por exemplo, a da festa de São João, descrita de forma encantadora em “Escrita Secreta de Montanha e Giz” (titulo, aliás, dos mais inspirados).
E o que o giz tem a ver com toda essa história? Bem, temos, em cena, uma turminha às vésperas da festa junina, que tem uma tarefa e tanto pela frente: buscar as lanternas na casa do enigmático Seu Dante (na verdade, Dante Severo Bartolomeu Souza Andrade de Albuquerque).

Ocorre que nenhuma criança da escola tinha entrada na casa deste misterioso senhor! Motivo: diziam que era cheia de segredos... Mas Francisco, mesmo titubeante a princípio, resolve não amarelar... Podemos garantir que ninguém chegará ao fim desta história decepcionado – ainda mais com o caprichado trabalho de Roberta.

Outro volume que se reporta ao nosso estado é “Conversa de Viola e Memória”, no qual as fotos detêm a primazia. E que lindos são os garotos dessa história! Que vontade de pegar Sebastião no colo ou de dizer para Tininha o quão linda ela está, pronta para a escola. A gente simplesmente amou! “Beleza astronômica”, como diz um dos personagens desta história que Roberta Asse repassa com tanto carinho e empenho.

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