'Colossal' reúne sátira, drama e realismo fantástico

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
14/06/2017 às 21:38.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:05
 (Paris Filme / Divulgação)

(Paris Filme / Divulgação)

“Colossal” caminha em sentido contrário ao seu título. Uma das estreias desta quinta-feira (15) nos cinemas, o filme protagonizado por Anne Hathaway tem monstros enormes que atacam uma cidade da Coreia do Sul, mas cada vez que a narrativa avança, mais se dá importância para a insignificância, para as pequenas coisas da vida.

O diretor Nacho Vigalongo aposta numa abordagem difícil, que mistura sátira, drama e realismo fantástico, mas longe de ser um Spike Jonze ou Charlie Kaufman, realizadores dos amalucados “Quero Ser John Malkovich” e “Adaptação”, ele tem muito carinho pela personagem, que volta para a sua terra após perder emprego e noivo em Nova York.

<CW0>A primeira leitura que se faz é de um recomeço. No caso de Gloria, porém, trata-se da compreensão de um momento da vida. Tudo acontece num parquinho, onde ela e um amigo de infância brincavam: ao entrarem naquela área, o que fazem é refletido em outra parte do mundo, com eles virando seres saídos de seriados como “Spectreman” e “Ultraman”.

Feminista?
Dá para trabalhar com a ideia de imposição cultural dos Estados Unidos, já que os verdadeiros monstros são os americanos, que parecem não se importar com outra coisa a não ser ficar à frente da TV e tomar cerveja. Mas os princípios de Gloria se firmam diante dos interesses mesquinhos dos homens da cidade – seria o filme feminista?

“Colossal” se lança nessas diversas frentes, sem se agarrar necessariamente a nenhuma. O excesso de zelo com a personagem, como se ela tivesse uma missão a ser cumprida, tornando-se uma heroína ao encontrar um sentido para a vida, antes reservada à bebedeira e ao ócio, vira uma solução fácil para discussões tão complexas.

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