Completando 20 anos, FIT abre a sua 12ª edição nesta terça-feira

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
06/05/2014 às 07:19.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:27
 (Adriana Bastos)

(Adriana Bastos)

O Festival Internacional de Teatro de Palco & Rua (FIT) está completando 20 anos – e sua 12ª edição tem início nesta terça-feira (6) com uma proposta inovadora. Quase metade dos 55 espetáculos da grade é reservada a produções locais, permitindo que 23 programadores de outros festivais – convidados pela Fundação Municipal de Cultura – possam ter um contato maior com o teatro feito na capital mineira e, eventualmente, levem as montagens a outras praças.

http://fitbh.com.br/2014/espetaculos/

Mas o que esses programadores encontrarão nas três semanas de evento? O norte da curadoria foi oferecer um leque múltiplo sobre a farta produção local, entre nomes conhecidos nacionalmente – como os grupos Galpão, Multimedia, Luna Lunera e Espanca!, além da dupla Ílvio Amaral e Maurício Canguçu – e “novos” e elogiados pela crítica – como Quatroloscinco, Pigmaleão, Zula e Primeira Campainha. Entre as 25 atrações locais, é possível encontrar diferentes tipos de dramaturgia, da tradicional à mais experimental, conforme reivindicação antiga da categoria, segundo o ator Gustavo Bones, do Espanca!. “Claro que há limitações, há outras formas de se fazer teatro que não foram contempladas, mas é interessante a possibilidade de mostrar aos programadores o que acontece na cidade. Aumentar o número de representantes locais é uma reivindicação antiga e muito boa para nós”, afirma.

Segundo o diretor teatral Pedro Paulo Cava, é importante ampliar horizontes para mostrar uma produção ampla e complexa. “Em BH há de tudo, das montagens mais convencionais às mais experimentais, de diferentes gerações. Prova de que a produção é intensa é que as temporadas passaram a ser mais curtas, para um público mais restrito, e as casas estão sempre ocupadas”, afirma.

Diversidade é o principal critério da curadoria do FIT

A proposta da curadoria do FIT, de buscar uma representação da cena belo-horizontina de uma maneira ampla, agrada, mas não em todos os aspectos. Segundo Soraya Belusi, crítica teatral e integrante do blog Horizonte da Cena, a seleção foi, sim, diversa, porém um pouco irregular, por ter escolhas em diferentes níveis de qualidade. “A opção (da curadoria) parece ter sido abrir mão de um recorte qualitativo e conceitual em troca de um caráter quantitativo e menos delineado. Coloca-se no mesmo bolo trabalhos com maturidades distintas. Alguns com identidade artísticas muito sólidas, outros ainda em fase de maturação”, afirma.

Nem todos os grupos compartilham da direção tomada pelo festival. O ZAP 18, por exemplo, para deixar clara sua posição de questionamento, realizou no último fim de semana a mostra “Não Estamos no FIT”, com outros grupos convidados. “Essa história de o FIT ser uma vitrine não serve a todos. O ZAP, por exemplo, tem a preocupação de fazer um trabalho a longo prazo e trabalhamos junto com a comunidade”, afirma Cida Falabella, uma das coordenadoras da ZAP 18.

Para ela, focar na programação mineira descaracteriza um festival que se propõe a ser internacional, e o processo de internacionalização do teatro mineiro precisa de um maior planejamento. Esse é um processo que deve ser pensado a longo prazo, de forma mais bem estruturada, pois não é somente uma venda de espetáculos”.

Coletivo

O importante é que o FIT deixe claro o maior potencial da criação cênica da capital mineira, que é a construção coletiva. “A produção teatral na cidade ainda tem como principal referencial a prática e a criação em grupo. Mais do que uma diferenciação entre teatro comercial ou de pesquisa, o que caracteriza o trabalho de grupo é uma continuidade em suas investigações, fazendo com que os trabalhos ganhem um corpo mais delineado com o passar do tempo”, explica Soraya.

De acordo com Pedro Paulo Cava, o teatro belo-horizontino vive um momento de boa criatividade, mas ainda carece de uma maior desenvolvimento de montagens.

“Houve um auge nos anos 60 e 70, mas a criação de textos deu uma paralisada. Por isso surgiram tantos grupos buscando a sua própria dramaturgia”.

Os ingressos para os espetáculos em locais fechados custam R$ 20 e R$ 10 (meia). Podem ser adquiridos no site www.fitbh.com.br e no posto da Belotur do Mercado das Flores (av. Afonso Pena, 1.055)

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