‘Crimes Ocultos’ aposta em herói humanizado

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
21/05/2015 às 08:04.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:09
 (Divulgação)

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Há uma certa coerência na decisão da Rússia em banir o filme “Crimes Ocultos”, acusado de distorcer fatos históricos do país. Menos pela liberdade como registra a suposta decisão de Stalin em omitir (e não apurar), nas décadas de 40 e 50, vários casos de assassinatos, para não manchar a moral soviética.

Até mesmo em relação à sua História, o cinema americano nunca foi fiel a acontecimentos, em nome da construção narrativa. O que chama a atenção nessa produção de Ridley Scott é não ter o herói de Hollywood por excelência, como exemplo de generosidade. Por mais que Batman tenha seu lado sombrio, não é uma ideologia política que orienta as suas escolhas. Dessa forma, o detetive de Tom Hardy (o novo Mad Max, em cartaz nos cinemas) está mais para um terrorista da Al Qaeda, numa obediência cega que vitima inocentes.

Não fosse por esse detalhe (uma mudança de ótica por serem comunistas), em que todos os russos são traidores – das suas convicções ou da Pátria – poderíamos elogiar a ousadia de Scott. Na verdade, o protagonista só vira um “salvador” quando, primeiro, suas ações passam a pôr sua família em risco.

Em segundo, porque o detetive é punido injustamente, depois de ser herói na Segunda Guerra. É o que humaniza essa história, dirigida por Daniel Espinosa, baseada no primeiro livro da trilogia escrita por Tom Rob Smith. Mas há outro problema: a violência.

Perversão

Nos filmes de Scott, ela está em nosso DNA, presentes do passado (“Êxodo: Deuses e Reis” e “Cruzada”) ao futuro (“Blade Runner” e “Alien, o 8º Passageiro”). Do jeito que a trama é conduzida, essa perversão contínua não só é endêmica, caracterizando um tipo de governo, como também é mais “racionalista”.

A violência é resultado do medo, da privação da liberdade e do autoritarismo, com cada cena de “Crimes Ocultos” endossando esse pensamento. Pouco se observa, por exemplo, sobre o horror gerado pela guerra e seus efeitos nos soldados, como os Estados Unidos mostraram nos filmes sobre o Vietnã.

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