Criolo apresenta repertório de 'Espiral da Ilusão' amanhã, no Palácio das Artes

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
27/07/2017 às 17:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:47
 (Caroline Bittencourt/Divulgação)

(Caroline Bittencourt/Divulgação)

Entre 1976 e 1982, o pequeno Kleber Cavalcante Gomes viveu com a família em comunidades da Zona Sul de São Paulo, antes de fixar moradia no bairro do Grajaú. Naquela época, quando ainda nem pensava em cantar, começou a cultivar uma relação afetiva com o samba que tocava nos barracos vizinhos e nas peladas de várzea que seu pai costumava participar.

A memória persistiu e décadas depois, já sob a alcunha de Criolo, o artista decidiu voltar às raízes e homenagear o mais brasileiro dos gêneros musicais. O resultado foi “Espiral de Ilusão”, quarto disco de estúdio do cantor paulistano, e morada para as canções que serão apresentadas amanhã, no Grande Teatro do Palácio das Artes, pelo 3º Inverno das Artes.

Com dez faixas inéditas, sendo nove de autoria de Criolo, o álbum solidifica a relação do artista com o samba, estilo pelo qual ele já tinha passeado em “Nó Na Orelha” (2011) e “Convoque Seu Buda” (2014). “Minhas composições de samba sempre estiveram lado a lado com as de rap. O rap é contundente como o samba. Também fala das raízes, dos porquês sociais, das dificuldades do povo negro”, reflete Criolo, que cresceu ouvindo sambas de Moreira da Silva, Benito di Paula e Martinho da Vila.

O artista conta que as composições foram surgindo despretensiosamente, sem uma ideia pré-estabelecida de serem compiladas em um álbum. “Já são quase 30 anos escrevendo, então eu detecto o estado de espírito de cada música. O rap, quando vem, é dono da situação. E com o samba é a mesma coisa. Não sou eu quem conduz isso”, reflete. “Eu tive um momento, no ano passado, de escrever muito samba. Fui mostrando para o pessoal e a coisa acabou desaguando no disco, que é um recorte deste momento, de lembrar da infância, da minha quebrada”, diz.

Produzido por Marcelo Cabral e Daniel Ganjaman, “Espiral de Ilusão” traz canções que versam desde a realidade das periferias paulistanas até a contestação política, como na contundente “Menino Mimado”. “Escrevi essa música há uns seis anos. Mas é um nó na garganta antigo, de moleque, que veio quando percebi que eu e os meus pais éramos tratados de forma diferente porque morávamos na favela. Não adianta tentar esconder isso de uma criança. A criança é pura”, reflete.

Criolo ressalta que o novo disco tem sido bem recebido pelo público, que “entendeu o momento de celebrar o samba”. “Fizemos um show para cinco mil pessoas em São Paulo que foi muito especial, me emocionei muito. Depois, tocamos em BH, na praça, também para cinco, seis mil pessoas. Vai ser bem louco voltar aí para fazer o mesmo show, mas agora no teatro. Por mais que sejam as mesmas músicas, cada ambiente sugere um tipo de situação. É igual mas é diferente”, brinca, revelando que tocará o novo álbum na íntegra, além de sambas dos outros discos e composições inéditas.

Serviço: Criolo apresenta “Espiral de Ilusão” no 3º Inverno das Artes. Amanhã, às 21h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada).

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