Cristóvão Tezza vem a BH para lançar seu novo livro

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
17/02/2017 às 17:43.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:35

Beatriz, personagem central do livro “A Tradutora” (Record, 208 páginas, R$ 34), do romancista Cristovão Tezza, tem uma tarefa e tanto pela frente: traduzir o espanhol barroco do catalão Felip T. Xaveste. Naturalmente, a jovem de 30 e poucos anos de idade se vê em meio a dúvidas relativas à tradução. No entanto, não é exatamente sobre a profissão da moça que a obra se desdobra. Tezza, o convidado de amanhã do “Sempre Um Papo”, fala sobretudo da crise – não só política e econômica, vale ressaltar.

Abordando momentos ainda frescos na memória do brasileiro, como os preparativos para a Copa do Mundo de 2014, a história é contemporânea e esbarra na crise de identidade vivida no país. A própria personalidade de Beatriz resvala na questão. Ao mesmo tempo em que desbrava caminhos para crescer na carreira, ela se sente oprimida pelo assédio intelectual do namorado escritor Donetti.

“O Brasil é um país de passagem. Não deixamos de ser um Brasil rural, mas somos também brutalmente urbanizados. Estamos no meio do caminho. Beatriz tem um lance de culpa, ainda vindo da sombra patriarcal, porque tem um caso com um cara da Fifa. Mesmo assim, ela não se sente traumatizada por isso, o que antigamente seria algo chocante. Ela tem um rito de passagem”, diz Tezza.

"Sempre Um Papo” com Cristovão Tezza – amanhã, às 19h30, no auditório da Cemig (rua Alvarenga Peixoto, 1.200). Entrada é gratuita

A Federação Internacional de Futebol, por sinal, é outro episódio da narrativa. Em meio à tradução dos textos de Xaveste, surge um convite inesperado de trabalho de um executivo da Fifa, que está em visita a Curitiba – cidade onde Tezza vive.

Resgatando personagens
Beatriz tem ainda que dar conta de se livrar do namorado. O casal, inclusive, se conhece há tempos: desde “Um Erro Emocional”, romance de Tezza lançado em 2010. “Ela sente uma pressão muito grande, porque ele é uma pessoa difícil, complicada, como todo escritor (risos)”, diz o autor, que não vê na mulher uma figura frágil, pelo contrário.

“Beatriz é extremamente ativa. É uma figura urbana, contemporânea, de uma família que morreu num desastre e vive só. Por isso, ela tem uma independência de laços, o que diz muito da nossa cultura, que vive uma época de desarraigamento”, finaliza.

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