'Desobediência' aborda religião e preconceito

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
20/06/2018 às 19:01.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:52
 (SONY/DIVULGAÇÃO)

(SONY/DIVULGAÇÃO)

Embora as fotos de divulgação e a sinopse possam entregar um pouco da história, “Desobediência” é um daqueles filmes que valem a entrada no cinema sem saber nada, descobrindo os dilemas dos personagens assim que revelados pela narrativa, sem criar pré-conceitos. A palavra “pré-conceito”, aliás, é perfeita para ajudar a entender o longa do chileno Sebastían Lelio, que estreia hoje, podendo ser associada a “preconceito”, um dos seus temas. Um preconceito de origem religiosa, relacionado a uma escolha pessoal que fere determinado estatuto. O “pré-conceito” diz respeito às nossas reações a algo que acontece agora. O preconceito permanece ao longo do tempo. Duas visões que colidem na trama, pois estamos falando de um tipo de julgamento que, aos olhos do espectador, se desconstrói de maneira exuberante. Somos conduzidos pela personagem de Rachel Weisz, fotógrafa que retorna à terra natal, em Israel, após a morte do pai, um rabino influente. Aos poucos vamos tomando contato com as razões de não ser bem-vinda, ao mesmo tempo em que a condução passa à outra personagem. Essa mudança é muito bem feita por Lelio, diretor de “Uma Mulher Fantástica”, ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano. Começa nos rostos, nos olhares, na maneira como filma o não-dito, o que nos desperta cada vez mais o interesse em conhecer a verdadeira história. E quando ela vem, já está, por assim dizer, “perdoada” pelo público, que teria se escorado num certo clichê – a garota problemática que foge de casa em busca de liberdade. A discussão ganha outros contextos, debatendo o papel da religião à luz de hoje de forma sóbria e eloquente.

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