Diretor de 'Boyhood' trata dos traumas da guerra em novo filme

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
26/03/2018 às 21:39.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:02
 (IMAGEM FILMES/DIVULGAÇÃO)

(IMAGEM FILMES/DIVULGAÇÃO)

A partir de pequenas e cativantes histórias particulares, o diretor Richard Linklater parece sempre falar de algo mais amplo, em especial o sentimento de viver nos Estados Unidos. No filme “A Melhor Escolha”, em cartaz nos cinemas, ele recorre à ideia de um reencontro de amigos para discutir um país que tem a guerra no seu DNA.

O longa não é antibelicista, mas também está muito longe de ser uma espécie de “12 Heróis”, produção também em exibição nos cinemas que glorifica a ação de soldados americanos na luta contra o Talibã. Linklater busca um meio de caminho, dentro de um olhar agridoce sobre a vida de jovens transformadas no front.

A diferença é que “A Melhor Escolha” não nos leva para o meio da batalha – nem mesmo num flashback. O filme valoriza a oralidade, a lembrança e a revisão – elementos recorrentes quando nos deparamos com pessoas que não víamos há muito tempo, tendo por base uma comparação natural entre o antes e o hoje.

A primeira parte se sustenta exatamente nesta relação, ponto de partida para cenas divertidas sobre o destino de cada um dos veteranos da Guerra do Vietnã, interpretados por Steve Carell, Lawrence Fishburne e Bryan Cranston. Cada um seguiu caminho diferente, virando pastor, dono de bar ou ainda vinculado às Forças Armadas.

Como nas clássicas comédias sobre amizades, as diferentes personalidades se complementam quando eles são levados a fazer uma longa viagem pelos Estados Unidos para buscar o corpo de um dos filhos, falecido na Guerra do Golfo. É quando o roteiro envereda pela relação do americano com o discurso beligerante.

Com as lembranças da guerra nos anos 70 e os fatos vividos no presente (a história se passa em 2003), o diretor deixa para o espectador tirar suas conclusões a partir das marcas deixadas em cada personagem, que não são necessariamente ruins. A guerra é um elemento cultural, viés pelo qual devemos analisar o filme.

Assim como o ritual para a realização do enterro, a estrutura narrativa carrega um ar solene, na medida que o passado é evocado não por acaso, conduzindo os personagens a um acerto de contas. A morte no Iraque leva a outra morte, que pairava sobre o trio de amigos na forma como escolheram passar uma borracha no assunto, seja na religião ou na bebida.

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