Divina Maravilhosa e Batekoo se reúnem para trazer Titica e Baco Exu do Blues a BH

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
20/04/2018 às 17:11.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:27
 (Divulgação)

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A cantora, dançarina e atriz angolana Titica é considerada a rainha do kuduro 

"Se juntas já causam, imagina juntas?". O meme sintetiza bem o encontro entre Divina Maravilhosa e Batekoo, duas festas que têm agitado a cena cultural de Belo Horizonte. Além de encamparem bandeiras urgentes como o emponderamento feminino, o orgulho negro e a luta LGBT, ambas buscam trazer artistas potentes, cujos discursos e estéticas dialogam com a resistência identitária. Nesta sexta-feira (20), elas se fundem para compor um line-up inédito, com a presença de Titica, angolana que internacionalizou o kuduro, e do rapper soteropolitano Baco Exu do Blues, que lança o disco "Esù" (2017). A festa também conta com o Bloco Angola Janga, DJs da Batekoo e DJ Divine.

Cantora, compositora, dançarina e atriz angolana, Titica é considerada a grande estrela do kuduro. Na voz da artista, o representativo estilo musical de Angola tem ganhado cada vez mais admiradores no Brasil, haja vista sua participação na música "Capim Guiné", do Baiana System, e na respectiva apresentação no Rock In Rio. "Eu fico muito feliz com a recepção do povo brasileiro. Sempre me identifiquei com a mulher brasileira, desde 'Tieta'. Era bailarina e ficava me perguntando: 'Será que um dia eu vou ser famosa no Brasil?'", conta a angolana, em entrevista ao Hoje em Dia. "É uma honra muito grande fazer este intercâmbio entre Brasil e Angola", completa.

Mulher trans, Titica é protagonista de uma luta árdua pelo combate à transfobia. "As pessoas têm percebido que, independente de nossas escolhas, somos humanos. O importante é ser feliz e ter respeito acima de tudo. Ser diferente é apenas ser diferente", afirma a cantora, para quem a música foi fundamental como ferramenta de luta. "Eu digo que não bato de frente. Vou por trás, vou de lado. Uso meu carisma, meu trabalho. Com a arte, consegui conquistar o povo angolano, que agora percebe que o mundo está aberto às diferenças", defende.Daryan Dornelles/Divulgação 

O rapper soteropolitano Baco Exu do Blues apresenta o show do disco "Esù" pela primeira vez em BH

A outra grande atração da noite, Baco Exu do Blues apresenta, pela primeira vez, o aclamado "Esù" na capital mineira. "Já toquei em BH uma vez só, com o projeto dos singles. O público daí é muito intenso", afirma o rapper, que joga luz sobre os rimadores da cidade, para além do parceiro Djonga. "A cena de BH é muio forte. Tem o Matéria Prima, o Oreia, o Hot, a Clarinha, vários beatmakers fantásticos, uma cena de batalhas incrível. Você sente que o 'bagulho' é feito com uma verdade muito pura", sublinha. 

O soteropolitano diz que não esperava um retorno tão positivo de seu álbum de estreia, ainda que ele mesmo tenha cravado que seria o "disco do ano". "Foi uma surpresa muito grata. Ver a dimensão que tomou, de ultrapassar o rap e alcançar outros públicos. É uma sensação muito doida. O disco marca meu amadurecimento, tanto musical quanto pessoal. O Baco é o personagem, eu não. Um existe quando estou no palco, outro quando estou na rua. Um é agressivo, o outro é calmo", afirma o artista, empolgado para a voltar a BH na junção entre Divina Maravilhosa e Batekoo. "Vou tocar na festa certa, na hora certa. É isso", finaliza.

Serviço: Divina Maravilhosa + Batekoo convidam Titica e Baco Exu do Blues. Sexta-feira (20), às 22h, no Music Hall (Av. do Contorno, 3.239, Santa Efigênia). Ingresso: R$ 35 (na portaria).

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