Documentário na Netflix explora o disco 'Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band'

Thiago Pereira
talberto@hojeemdia.com.br
11/10/2017 às 17:03.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:11
 (Reprodução/EMI)

(Reprodução/EMI)

“Porque vocês estão preocupados com tantos detalhes? É só um disco pop, daqui a pouco ele vai desaparecer”. Em dado momento do documentário “It Was Fifty Years Ago Today!”, lançado na Netflix na última semana, esta frase é entreouvida, no meio de turbilhões de depoimentos sobre o trabalho.

Ela é creditada à EMI, gravadora dos Beatles, e salta aos ouvidos por oferecer uma síntese bastante irônica e oposta ao tal “disco pop”, batizado de “Sgt Peppers Lonely Heart Club Band”. Afinal, tais detalhes foram fundamentais para alça-lo à forte–fortíssimo, aliás–candidato a maior disco pop de todos os tempos.

Como o título do documentário indica, o álbum foi lançado em junho de 1967, completando quatro décadas de impressionante relevo no contexto da produção musical. Se transformou em um adjetivo (“Esse é o nosso ‘Sgt. Peppers’”), ou em um desejo, quando outros grupos pretendem realizar trabalhos “fora da caixinha”, de olho na chamada grande arte. De alguma forma, ele foi o disco que autorizou a música pop a adesivar em si palavras como audaciosa, criativa, rompedora de barreiras, inclassificável. Se foram os Beatles os inventores do pop como modelo, foram eles o maiores propagandistas de como desmontá-lo também.

Intocável

“It Was Fifty Years Ago Today!” ajuda a remontar os porquês dessa questão. Inicia na negativa do grupo em fazer shows e excursionar, cansados de “não se ouvirem” diante da histerias que a presença “ao vivo” causava. Recolhidos, passam a sugar o zeitgeist do fim dos anos 1960: drogas lisérgicas, explosão de cores, reavaliação dos mitos e dos comportamentos, possibilidades

múltiplas em tudo: “It´s getting better all the time</CF>” e não se furtaram de viver estas transformações.
Literalmente: a partir de uma ideia ambiciosa de McCartney, se transfiguraram na banda do Sargento Pimenta, onde, de alguma forma, se permitiriam a ser aquilo que não poderiam ser–ou fazer. Reunindo, e reunidos, com algumas das maiores figuras da história da humanidade na capa do disco (a arte inesquecível do pop artista Peter Blake).

Assim, o saltar limites que eles vinham sinalizando em “Rubber Soul” (1965) e “Revolver” (1966) se transformou em desbunde completo, definitivo. Paul McCartney, a grande força criativa e estratégica por trás do disco, parece reconhecer sua importância, já que, a julgar pelos últimos repertórios apresentados ao vivo, deverá oferecer uma piscadela comemorativa ao disco no show de amanhã, inclusive com a surpreendente inclusão de “For The Benefit Of Mr. Kite!”, canção raramente executada ao vivo e que possuí a inegável assinatura de...John Lennon!

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