Kayky Brito e Rodrigo Simas chegam a BH com peça de Plínio Marcos

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemda.com.br
25/08/2016 às 19:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:33
 (Rodrigo Molina/Divulgação)

(Rodrigo Molina/Divulgação)

A estreia de “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, de Plínio Marcos (1935-1999), foi definitivamente tímida. Em 1966, apenas cinco pessoas assistiram ao espetáculo no bar Ponto do Encontro, da Galeria Metrópole, em São Paulo. O próprio Plínio atuou, dividindo a cena com Ademir Rocha. Hoje, essa é uma das peças mais montadas do dramaturgo paulista no teatro, tendo ainda duas adaptações para o cinema, em 1970, sob a direção de Braz Chediak e, em 2002, com direção de José Joffily e Débora Falabella e Roberto Bomtempo no elenco. 

Para brindar os 50 anos da obra, mais uma versão chega aos palcos. Com a direção de Luiz Valcazaras e protagonizada por Kayky Brito e Rodrigo Simas, BH recebe a montagem amanhã e domingo, no Teatro Sesiminas. 

Valcazaras conheceu Plínio em 1982, enquanto o autor vendia os próprios livros na porta de um teatro. Já naquela época o diretor acompanhava o trabalho do dramaturgo e, em 2010, prestou a primeira homenagem a ele com “Navalha na Carne” (1967). Desta vez, além de dirigir, Valcazaras assina iluminação, cenografia e trilha sonora. “Fiquei muito feliz com o resultado. Os meninos (Kayky e Simas) compraram a ideia de fazer um trabalho vertical, uma imersão profunda, dedicando até 10 horas por dia”, conta.

Assim como o original, a peça é rodeada de uma forte carga dramática e a iluminação dá ainda mais esse peso. “Nesta versão, os elementos usados ajudam a codificar o ser humano; dão a sensação de estarmos dentro da alma”, destaca.

À MARGEM DA SOCIEDADE 
Inspirado no conto “O Terror de Roma”, de Alberto Moravia (1907-1990), “Dois Perdidos Numa Noite Suja” tem, no centro da história, Tonho e Paco, que vivem à margem da sociedade e buscam por emprego. Tonho tem estudo, porém, não tem sapatos decentes para se candidatar a uma vaga de trabalho. Paco é flautista; lhe falta o instrumento, mas ele tem os sapatos – estes são invejados pelo amigo.

“Os dois personagens só precisam de algo para se darem bem; as oportunidades estão logo à frente”, diz Kayky. O ator encarna Paco, um sujeito de caráter duvidoso, que vive chamando Tonho, de forma pejorativa, de homossexual. “Ele nunca teve amor e atenção como Tonho teve, por isso, traz o lado da arrogância e intolerância”. 

Após três anos longe do teatro, Kayky se diz privilegiado em poder participar da montagem. “É uma obra-prima. Além disso, é sempre uma emoção entrar em cena, sentir o cheiro da coxia. O teatro é o meu palco preferido”, diz.

Serviço: “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, amanhã, às 21h, e domingo, às 18h, no Teatro Sesiminas (rua Padre Marinho, 60). Ingresso: R$ 80 e R$ 40 (meia)

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