dotART Galeria e Palácio das Artes abrem exposições voltadas para a gravura

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
03/07/2017 às 20:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:22
 (José Damasceno/Divulgação)

(José Damasceno/Divulgação)

“Na história da arte, a gravura nunca esteve em segundo plano. É uma linguagem que tem o mesmo peso da pintura ou do desenho”, reflete Wilson Lázaro, diretor artístico da dotART Galeria. O espaço está prestes a lançar o “Programa Gravura”, que pretende apresentar trabalhos de artistas brasileiros com técnicas e conceitos distintos sobre este formato. A iniciativa será levada ao público nos intervalos das grandes exposições, sempre apresentando trabalhos individuais.

Quem abre o projeto é o carioca José Damasceno, cuja gravura “RE:PÚBLICA”, bem como seus processos e desdobramentos, será apresentada nesta terça-feira (4). A obra de José Damasceno partiu de uma intervenção urbana realizada nas ruas de Belo Horizonte, do Rio de Janeiro e de São Paulo. 

“Eu possuo, há uns 15 anos, um conjunto de cédulas de um real com desenhos realizados diretamente sobre elas. Isso ficou guardado por muito tempo e, recentemente, resolvi transformar em outro meio”, afirma o artista. “Consegui uma parceria para que o trabalho fosse realizado no meio urbano, na forma de lambe-lambe. E, agora, levo ele para a galeria na forma da gravura, linguagem que eu já desenvolvo há alguns anos”, diz.

No lançamento será exibido um vídeo que mostra o processo de concepção do trabalho, a reação dos pedestres e as interferências feitas quando a obra já estava nas ruas. “A ideia de alguém manipular a obra é um ponto importante da intervenção urbana. No atual momento que vive o Brasil, cheio de questões políticas, colocar a imagem da célula nas ruas, com um olhar que acompanha quem passa, é muito intrigante”, afirma Lázaro.

“Para vir à galeria, Damasceno transformou a obra em gravura, que inclusive já chega emoldurada. O lambe é uma obra aberta, já a gravura é fechada, exposta do jeito que o artista pensou”, explica. 

Obtida através da impressão de uma matriz artesanal, a gravura surgiu no século XIX e foi explorada por grandes nomes da história da arte, como Goya e Rembrandt. 

“Infelizmente, a gravura virou uma alternativa financeira para quem não pode comprar uma pintura, por exemplo. Mas não deveria ser assim. Por isso queremos recuperar a importância dessa linguagem”, afirma Lázaro. “Devemos lembrar que Minas tem uma tradição com a gravura, que vem desde Guignard”, diz.

Sobre metal

Um dos mineiros que desenvolveu a gravura na Escola Guignard, em Belo Horizonte, foi Paulo Roberto Lisboa, que também inaugura exposição amanhã, na PQN Galeria, no Palácio das Artes.

Intitulada “Estórias Gravadas”, a mostra reúne cerca de 20gravuras em metal, criadas de 2006 para cá. “São obras produzidas a partir de coisas observadas, lembradas ou inventadas por mim”, afirma o artista. “O grande mote é a poética. A técnica é apenas o veículo”, diz. 

Para Lisboa, que se apaixonou pela gravura por acaso, a linguagem tem sido revivida em Minas nos últimos tempos. “Hoje, temos uma moçada muito talentosa fazendo gravura”, afirma. “Não tenho nada contra a chamada arte contemporânea, mas é interessante ver que linguagens antigas, como a da gravura, seguem vivas”. Paulo Roberto lisboa/Divulgação / N/A

Serviço: 
“Programa Gravura – RE:PÚBLICA”. Desta terça (4) a 12 de agosto, na dotART Galeria (rua Bernardo Guimarães, 911, Funcionários). Visitação: segunda a sexta, das 9h às 19h; sábado, das 9h às 13h. Entrada franca. 

“Estórias Gravadas”. Desta terça (4) a 3 de setembro, na PQN Galeria, no Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Visitação: de terça a sábado, das 9h30 às 21h; domingos, das 16h às 21h. Entrada franca. 

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