Eid Ribeiro adapta conto de Kafka

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
14/06/2014 às 09:47.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:00
 (GUTO MUNIZ/DIVULGAÇÃO)

(GUTO MUNIZ/DIVULGAÇÃO)

Quando era coroinha numa igreja próxima à sua casa, a história de um paraíso habitado por Adão e Eva não tinha a adesão completa de Eid Ribeiro, que sempre se interessou pelo tema da origem da humanidade.    “Achava estranha essa mágica (da criação da mulher pela costela de Adão), que não explicava nada”, observa o diretor teatral, que leva esse fascínio para o palco com a montagem de “Relatório para uma Academia”.   Cartaz a partir deste sábado (14) no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a peça é adaptação do conto homônimo de Franz Kafka, publicado em 1917 no livro “Um Médico Rural”, sobre macaco que relata o processo de transformação em homem.   “A abordagem de Kafka é muito cáustica e, ao mesmo tempo, irônica, falando criticamente sobre o colonialismo quando o macaco registra que recebeu de seu professor uma educação de europeu médio”, destaca Ribeiro.   MINIMALISMO   O interesse do diretor só aumentou após assistir a duas adaptações de “Relatório de uma Academia”, uma colombiana e outra brasileira. Ele resolveu seguir um caminho diferente, apostando no minimalismo e na valorização da palavra.    “Kafka é um mestre no uso da palavra, no tempo interior e na pausa. Busquei uma comunicação direta com o público, baseado na interpretação do diretor, para que não provoque a dispersão da atenção na história que está sendo contada”, afirma.   Nesse monólogo, o personagem vivido por Kimura Schetino não reproduz os movimentos típicos de um macaco. “Os gestos são contidos. Por isso tive que trabalhar o magnetismo de Kimura para que o foco no espectador não se desviasse”.   Nos momentos finais da peça, Schetino recorre à gaita para tocar uma música de Charles Chaplin, liberdade que Ribeiro tomou com o texto para referenciar o teatro de variedades. “Muitos contos de Kafka têm artistas circenses e como ele era contemporâneo de Chaplin, preferi usar a música para criar essa relação”, revela.

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