Em cima do salto: a Drag Queen Silvetty Montilla traz a BH o stand up “É o Que Tem Pra Hoje"

César Augusto Alves
cpaulo@hojeemdia.com.br
09/05/2016 às 19:12.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:21
 (Divulgação / Academia de Drags)

(Divulgação / Academia de Drags)

Quando começou a carreira, há 29 anos, Silvetty Montilla era “apenas” uma transformista que animava a noite paulistana. Não imaginava que um dia seria chamada de rainha, e muito menos que a personagem faria parte de um universo tido como glamouroso e popular. De fato, as coisas mudaram. Integrou o elenco do filme “Do Lado de Fora” (2014), participou de séries de TV, como “Toma Lá Da Cá” (Globo), faz sucesso no YouTube com o reality show “Academia de Drags” e circula pelo país com a peça “É o Que Tem Pra Hoje”, que chega a BH no próximo sábado (14).

No teatro, estreou em 1998 com a peça “Cindy ou Fregi”. Dentre outras incursões, fez parte do famoso “Terça Insana”, a convite da criadora da peça, Grace Gianoukas. No stand-up “É o Que Tem Pra Hoje”, Montilla apresenta um pouco de tudo o que faz – e todo mundo cai na risada com sua irreverência.

Academia de Drags
Quando ainda era Silvio, o cenário de preconceito era ainda maior, mas isso não barrou sua carreira. “Eu era negro, gay e transformista. Existia preconceito, mas eu sempre contornei. Hoje vejo a importância de ser um símbolo para as pessoas”, afirma. Por isso, a voz e a visibilidade que conquista para a comunidade de drags é tão importante – do alto do sucesso, a luta ganha ressonância. 

O programa “Academia de Drags” é o principal canal para este trabalho. Através dele, Silvetty e o diretor Alexandre Carvalho recrutam participantes de todo o país e montam uma competição com performances, provas e júri prestigiado – nas duas temporadas, nomes como Miguel Falabella, Marcelo Médici e Alexandre Herchcovitch já participaram da equipe.

“As drags falam que são minhas filhas, usam meu sobrenome. Isso é gostoso. A gente ajuda, quer ver crescer também. Sou uma pessoa que quer ajudar”, diz.

O número de visualizações de todos os episódios já bate a casa dos milhões. A repercussão motivou a evolução do programa. Da primeira para a segunda temporada, ainda em curso, o investimento aumentou, e a mira agora é uma terceira temporada na TV.
 
Sobre as comparações com “RuPaul’s Drag Race”, famoso reality de drags dos Estados Unidos, Silvetty diz não se importar. “Chego em casa e fico lendo os comentários até amanhecer. As pessoas estão gostando, a gente faz com muito carinho”, afiança.Divulgação / Academia de Drags

Humor – Drags do reality garantem diversão nas provas

 Cenário em BH
Programas como “RuPaul’s Drag Race” e “Academia de Drags” movimentam a cena. O interesse aumenta e o mercado também. Responsável por uma das maiores festas drag de BH, o produtor Ed Luiz ressalta que o movimento é cada vez maior. “Iniciei trazendo drags famosas do “RuPaul’s”. Em uma festa drag grande como a WIG, já reuni 1.000 pessoas. Cinquenta eram drags montadas que estavam ali para se divertir, não para trabalhar”, conta.

As drags da capital não surgiram agora, mas começam a ganhar uma força que até então não tinham – uma das responsáveis é a festa Dengue (focada em duelos de Vogue, um estilo de dança), que reúne muitas drags da cidade.

“A Dengue faz sucesso, mas há outras festas, como a Eleganza e a WIG. É importante porque fazer drag é se expressar. A Phenix surgiu para eu me libertar”, conta a drag queen Phenix Tamara.

Em BH, o crescimento aponta para drags neste perfil, que vão às festas montadas mais para se divertir do que em busca de um palco para se apresentar. “O público cresce, e o número de drags também. Inclusive, tem uma novidade boa para as drags de BH vindo por aí”, promete Ed. 

 Silvetty Montilla – “É o Que Tem Pra Hoje”.Sábado, 14/5, às 21h, no Teatro Dom Silvério/Chevrolet Hall (av. Senhora do Carmo, 230). Ingresso: R$ 50 e R$ 25 (meia)

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