Espetáculo ‘Pentes' debate o racismo velado na sociedade

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
21/08/2017 às 16:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:11
 (Anderson Tenório/Divulgação)

(Anderson Tenório/Divulgação)

Em tempos de tensões raciais tão acentuadas ao redor do mundo, o espetáculo “Pentes”, do Grupo Embaraça, coloca em cena amanhã e quinta-feira, no Teatro Francisco Nunes, as facetas do racismo que por vezes é velado, mas ao mesmo tempo é muito presente na sociedade.

A peça faz parte da programação do Festival do Teatro Brasileiro que está ocupando vários espaços de Belo Horizonte, e surgiu quando o grupo decidiu colocar em cena essa questão racial. “Partimos do cabelo crespo, porque entendemos que ele representa a ponta do iceberg de todo racismo que a mulher negra sofre na sociedade”, conta a atriz Tuanny Araújo,

Ela afirma que além de valorizar a beleza da mulher negra em um mundo de exaltação do corpo branco, a peça também busca discutir e tensionar os estereótipos relacionados a negritude. “Tentamos desconstruir todos os padrões impostos que são tão danosos para a mulher negra”, diz.

REPRESENTAÇÃO

Com texto e direção do próprio grupo, que é formado por outras duas atrizes negras – Ana Paula Monteiro e Fernanda Jacob – a peça traz um relato de experiências das próprias integrantes do Embaraça, mas que encontram eco em diversas outras vozes. “Dramatizamos essas situações que não são só nossas. Mulheres e homens negros também se identificam. Coletivizamos essas histórias”, aponta.

Assim, segundo Araújo, o grande ganho do espetáculo é colocar no palco pessoas que não costumam ser representadas. “O mercado de trabalho não gera muito espaço para atores e atrizes negras, colocamos também isso em cena para levar o público a reflexão”, explica a atriz, que ressalta a pertinência da discussão. “A mulher negra ainda é muito oprimida. Precisamos debater, desconstruir e valorizar o corpo, a beleza e tudo em relação ao negro. É urgente desconstruir e valorizar o que fundou nosso país, a força que esteve presente o tempo inteiro”, afirma. “Vamos fazendo isso para que daqui a um tempo, a menininha negra vá para a escola e não tenha que sofrer preconceito”, diz.

Serviço: Espetáculo “Pentes”, amanhã e quinta-feira, às 20h, no Teatro Francisco Nunes (Av. Afonso Pena, s/n – Centro). Entradas gratuitas.

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