Estilo Geek: camisetas conceituais externam personalidade de quem as veste

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
20/05/2016 às 19:23.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:32
 (Camiseteria/Divulgação)

(Camiseteria/Divulgação)

Não se trata apenas de mais uma peça no guarda-roupa. Uma camiseta pode expressar um estilo, uma filosofia de vida – conceito que levou várias empresas a apostarem neste nicho. Até sites que nasceram com outros propósitos, como o Sensacionalista, conhecido por fazer paródias em forma de noticiário, e o Deboísmo, que prega a postura “de boa”, resolveram se lançar neste mercado. 

Com estampas descoladas e muitas vezes apostando no humor, estas marcas vêm fidelizando um público cada vez maior. Se, no início, o alvo era prioritariamente homens jovens, hoje é possível encontrar coleções voltadas para mulheres e pessoas de diversas idades.

Neste mês, por exemplo, a loja de departamento Riachuelo, especializada no fast fashion, lançou uma linha para os “geeks” ou “nerds” (vamos combinar, eles estão tomando conta do mercado e lançando moda no mundo inteiro!). Intitulada de “Geek Week”, a coleção conta com produtos masculinos, femininos e infantis. A aposta, provavelmente, não foi por acaso, já que o Dia do Orgulho Nerd é celebrado no dia 25 de maio.

Um dos sócios da Camiseteria – um dos e-commerces de camisetas mais famosos do país –, Fábio Gary, conta que a marca também tem investido bastante na comunidade geek. Para ele, o estilo é um dos mais fortes do momento. Contudo, é pela diversificação que conseguem se manter no mercado. “Há estampas para todos os gostos, desde as mais conceituais às mais simplistas. O que priorizamos é manter o padrão de qualidade e de traço”. 

Peça Curinga 
Assim como a Camiseteria, a mineira Chico Rei, criada em Juiz de Fora, ainda não investiu numa loja física. De acordo com fundador da marca, Bruno Imbrizi, o comércio eletrônico tem um alcance maior neste tipo de negócio. “Achamos mais interessante explorar mais a fundo esse território quase infinito que é a internet”, justifica. 

Segundo Imbrizi, a loja é líder de seu segmento, com uma taxa de crescimento nove vezes maior que a média do comércio eletrônico no Brasil. O segredo do sucesso estaria no conceito. “Nós enxergamos nas camisetas muito mais do que uma forma de se vestir. Acreditamos que ela é uma forma de externar a personalidade de quem veste. O conceito por trás dessa postura é justamente poder dar voz a quem veste através de uma peça que é curinga no vestuário de todo mundo”, afirma. 

Apesar de consideraram o público de camisetas plural, Gary e Imbrizi dizem que a faixa etária que mais compra as camisas está entre 20 e 35 anos. “Mas temos clientes mais novos e mais velhos. Somos democráticos”, reforça Imbrizi. 

Insatisfeitos com o mercado, designers criam marca
Fundada em 2005, a Camiseteria tem um tipo de negócio inspirado num concurso de site americano, no qual o cliente é quem sugere a estampa da camisa. Os modelos mais votados são fabricados pela marca e colocados à venda. Com este sistema, a empresa já chegou a vender mais de 10 mil produtos num mês. Atualmente, esse número é de cerca de 5 mil. “Até 2013, vínhamos crescendo de 50% a 60% ao ano. Desde 2014, o crescimento tem sido de 15% ao ano. Mesmo assim, é um bom aumento, já que estamos em tempos de crise”, pondera Fábio Gary, que diz ter mais de 100 camisetas no guarda-roupa. “Aqui, todo mundo veste a camisa, literalmente”, brinca. Chico Rei/Divulgação / N/ABruno Imbrizi é um dos fundadores da Chico Rei, localizada em Juiz de Fora (MG)

Massificação
Já a Chico Rei foi criada em 2008 devido a um “inconformismo” de Bruno Imbrizi e André Pereira. Quando eram estudantes de Artes & Design, os dois tinham em comum o fato de não se identificarem com as camisetas ofertadas pelo mercado. “Enxergamos nas camisetas uma forma de expressão, buscando vestir algo que fosse a nossa cara. Mas não encontrávamos isso em lojas”, diz.

Partindo da mesma motivação, o designer gráfico Reinaldo Rodrigues começou a criar as próprias camisas. “Nas lojas convencionais, há uma massificação dos produtos. É tudo muito parecido. Cheguei num momento em que não tinha mais nenhuma camisa que queria comprar”, explica. O fato ocorreu há cerca de três anos e, desde então, Rodrigues decidiu ser seu próprio designer. 

A primeira camiseta que fez foi com a data de seu nascimento – 1972. “Postei uma foto com a camisa e o pessoal achou interessante”, lembra. O sucesso foi tanto que desde aquela época ele vende camisas por demanda.

A comercialização acontece pelas redes sociais, nas quais os perfis levam o nome de Are Camisas. Para Rodrigues, que trabalha numa agência de publicidade, o trabalho é ainda somente um complemento na renda, o que não impede de fazer planos para o futuro. “Enxergo na estampa uma forma de refletir um gosto, um pensamento ou trazer uma reflexão sobre uma situação que estamos vivendo. E o designer faz isso; ele transforma um sentimento em arte”.Wesley Rodrigues / N/AReinaldo Rodrigues – O microempreendedor já consegue lucrar com a venda das roupas

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