Até que ponto somos oprimidos e a partir de quando nos tornamos opressores? “Quase sempre estamos dos dois lados e, às vezes, até de forma inconsciente, como escapatória”, diz o ator Fábio Furtado, ao se referir ao espetáculo “Estranha Civilização”.
Com o intuito de fazer o público refletir, a peça traz um universo em ruínas, numa alusão ao caos vivido pela humanidade. Em cartaz de hoje a terça-feira, no Galpão Cine Horto, a obra é da Cia Absurda e tem ainda no elenco Carloman Bonfim e Cristiano Peixoto.
No palco, os personagens são também atores. Eles se encontram sitiados dentro de um teatro e ensaiam uma peça que nunca irá estrear. Nem o texto nem o cenário está pronto. Para completar, a luz está queimada e os figurinos cobertos de pó. O público, porém, está prestes a chegar.
“O ensaio é onde as coisas estão sendo elaboradas. É uma metáfora das civilizações, onde não se sabe ao certo qual é o momento de construção e o de desconstrução”, explica Furtado.
O papel de cada um
A diretora da peça, Lydia Del Picchia, diz que a intenção do texto é tentar entender qual é o mundo de hoje e qual é a papel das pessoas nesse contexto. “Qual é a importância que a gente tem nesse mundo? Como podemos contribuir, não com soluções, mas com possibilidades?”, indaga.
“Não é exatamente uma crítica, pois não adianta a gente apontar para o outro. Nós (os artistas) também estamos inseridos na mesma situação. Não é um espetáculo maniqueísta, de dizer se é contra ou favor de algo. É uma possibilidade para a gente se entender em meio a esse caos e pensar como contribuímos ou não para ele”.
O problema, considera a diretora, é justamente descobrir em qual patamar a sociedade se encontra. “Soluções que existiam antes não são mais suficientes para o que vivemos hoje, mas não temos novas soluções”, afirma Lydia. Qual seria a saída então? “Talvez, seria conversar, tentar encontrar um consenso e perceber o outro, ter humildade. Não precisamos estar por cima o tempo inteiro”, arremata Furtado.
Serviço: “Estranha Civilização”, de hoje a terça-feira (15), às 20h, no Galpão Cine Horto (rua Pitangui, 3.613, Horto). Ingresso: R$ 12 e R$6 (meia). Informações: 3481-5580