Exposição busca sair do lugar comum sobre o tropicalismo

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
04/08/2017 às 19:16.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:55
 (DIANA TAMANE/DIVULGAÇÃO)

(DIANA TAMANE/DIVULGAÇÃO)

O número redondo de 50 anos, completados em 2017, ainda não dá conta da extensão de um movimento tão icônico como o Tropicalismo e seus infindáveis impactos na cultura brasileira.  Prova disso é a exposição “Mais do que Araras”, em cartaz a partir de amanhã no Sesc Palladium. Pensada como parte da celebração do cinquentenário da instalação “Tropicália”, de Hélio Oiticica, marco do movimento, a mostra acabou ganhando um sentido inverso, de “destropicalização”, como afirma o curador Raphael Fonseca. Ele lembra que um dos mantras de Oiticica era a fuga dos clichês da tropicalidade, como bananeiras e araras, pensamento que o conduziu a formatar uma exposição que caminhasse num sentido de desconstrução, saindo do lugar comum. “Ampliei o zoom sobre nomes que não eram associados ao Tropicalismo ou não tinham os mesmos interesses desses artistas, vindos de outros recortes geográficos. Apesar de ter sido o estopim, o Tropicalismo acaba sumindo, neste contexto”, observa Fonseca. A pesquisa envolveu artistas que, sendo do mesmo período histórico, “dialogavam de alguma maneira com Oiticica, como a atenção dada ao corpo ativo, para além da noção de espectador, e a relação entre imagens e palavras, muito importante nas músicas”. Do próprio Oiticica, surge apenas uma menção no texto curatorial presente no catálogo. Outras ausências são de expoentes como Lygia Clark, Lygia Pape e Ivan Serpa. Nesta direção, “Mais do que Araras” busca a descentralização geográfica do movimento. “Até hoje o mercado de arte é completamente paulistacêntrico ou cariocacêntrico. Fiz um esforço, no bom sentido, voltado para a pesquisa, em busca de elementos fora do eixo e que, por essa condição, trazem contribuições específicas de suas regiões”, salienta Raphael. Atividades paralelasEntre os 31 trabalhos, destacam-se autores como o potiguar Falves Silva, o pernambucano Jomard Muniz de Britto, e José Ronaldo Lima, mineiro que criou obras que “dependiam do corpo do público, com caixas sensoriais” e que, na metade dos anos 70, passou a se dedicar a um sebo no edifício Maleta. Lima fará parte de um bate-papo na sexta, com Raphael e a artista Anna Bella Geiger– ela também participa de uma leitura de portfólio, no sábado, quando conversará com sobre seus trabalhos. Além das atividades paralelas, o Palladium recebe a instalação “Me Molde”, do paraibano Martinho Patrício, focada no conceito de arte e participação. Trata-se de um conjunto de mesas desenhadas onde o público participar ativamente por meio de recortes coloridos de tecido.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por