Exposições de fotógrafo brasileiro em Lisboa contam história do Brasil

Agência Brasil
20/01/2013 às 17:20.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:49
 (Agência Brasil/Divulgação)

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Lisboa – Duas grandes exposições fotográficas em Lisboa, com acervo da extinta revista "O Cruzeiro", contam parte da história do Brasil entre os anos de 1940 e 1960. São cerca de 190 imagens feitas pelo fotógrafo piauiense José Medeiros (1921-1990), exibidas em edições originais da publicação e ampliadas em quadros nas exposições Crônicas Brasileiras e Rio É Uma Festa.

"Rio É Uma Festa" (título que remete ao livro Paris É Uma Festa, do escritor americano Ernest Hemingway) apresenta o Rio de Janeiro pré-bossa nova. Há cenas das paisagens urbanas, da praia, do carnaval e da vida noturna e também o contraste entre personalidades famosas em cenários requintados e figuras populares no cotidiano da cidade, ainda capital do Brasil. As fotos estão no espaço Bes Arte & Finança, no centro de Lisboa.

Os contrastes e matizes do Brasil além do litoral podem ser observados na exposição "Crônicas Brasileiras". Com essas fotos, em exibição na Fundação Portuguesa das Comunicações, José Medeiros mostrou o interior do país à parcela letrada da sociedade brasileira, antes da televisão chegar ao país. São cenas dos índios do Xingu (MT) e dos retirantes nordestinos e da diversidade étnica e religiosa, como é o caso da foto-reportagem sobre uma cerimônia de iniciação ao candomblé na Bahia, publicada em 1951.

“O José Medeiros era maneiroso. Era tão bom que se tornou cineasta”, lembra o fotógrafo Gervásio Baptista, que trabalhou com Medeiros na redação de O Cruzeiro e o ajudou nos contatos com os pais e mães de santo para aquela reportagem. Baptista tem Medeiros como “ídolo” e o põe “ao lado do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson” (considerado pai do fotojornalismo).

Para o curador das exposições Sergio Burgi, coordenador do departamento de fotografia do Instituto Moreira Salles, o acervo de José Medeiros em exibição em Lisboa mostra que a revista "O Cruzeiro", publicada entre 1928 e 1975, tinha “uma qualidade que surpreende” e um patamar “muito próximo às revistas ilustradas daquele período”. Para ele, o veículo representava bem a época. “Estamos falando de um fenômeno de comunicação no Brasil que está ocorrendo simultaneamente em outros países no pós-guerra."

Segundo Burgi, as duas exposições de José Medeiros mostram os lados arcaico e moderno do Brasil e ajudam na reflexão sobre o país contemporâneo. “Isso é um legado de linguagem, mas também é um legado de registro significativo para entender o Brasil de hoje."

A opinião é compartilhada pela outra curadora das exposições, a historiadora francesa Élise Jasmin. Segundo ela, que é especialista em história do Brasil, “juntando as duas mostras temos parte do que foi o Brasil da capital [Rio] e no Brasil do interior”, diz sem revelar a preferência por nenhum dos dois acervos. “O conjunto representa o Brasil na sua diversidade. As fotos do Rio têm mais glamour, isso é sedutor; mas José Medeiros nunca abandona o elemento popular."

As duas exposições ficam abertas ao público até o dia 5 de abril. A entrada é franca. Os dois eventos fazem parte da programação do Ano do Brasil em Portugal.

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