Fãs ajudam a manter vivo o rock, lotando festivais, tocando e reverenciando clássicos

Elemara Duarte - Hoje em Dia
11/07/2014 às 06:57.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:20
 (Yasuyoshi Chiba)

(Yasuyoshi Chiba)

O Dia Mundial do Rock é comemorado no dia 13 de julho – este ano, um domingo. Mas o homenageado não está, assim, meio morto? “Nããããããoooo!”, exclama um dos principais personagens do universo do rock em BH, o produtor cultural e lojista João Batista Monteiro. Mas o funk não está dominando tudo? Ou o sertanejo universitário? “Nãããããão! Esses movimentos passam. O rock fica”, acrescenta ele, enfático. E justifica, em seguida: “Todo fim de semana tem um evento de rock em BH. É tanto show que não dou conta de todos”, admite o também lojista Marcos Lázaro Porfírio de Sá, “vizinho” de João Batista na Galeria Praça 7, a “Galeria do Rock” da capital mineira.

João tem 58 anos. Desde os 13 se rendeu ao ritmo. E há 18 anos “aplica o rock para a galera” na Galeria Praça 7, onde mantém uma loja de discos e de roupas para os fãs. E eis que, durante a visita da reportagem ao reduto rock’n’roller, entram em cena dois funkeiros.

Tenso? Não, nem tanto. Cada um na sua. Caio Lacerda, 17 anos, dança no “Baile da Vip”, no bairro Cabana, “o melhor de BH”, que, segundo ele, reúne milhares aos sábados. “Sempre vejo roqueiros e ‘emos’ lá. Mas ficam no canto. Os emos ficam tomando vinho”.

Caio não curte rock. “Cantei Beatles na escola”, diz, ao lado do amigo Hudson Danilo, 18 anos, que idealizou a ida à galeria para colocar um piercing no mamilo em uma das lojas especializadas.

Há 18 anos, João organiza o “Camping Rock”, evento com inspiração “woodstockiana”, onde reúne bandas de todos os cantos. Neste ano, o “Camping Rock” foi antecipado para o início do ano por causa da Copa do Mundo. Mas, tradicionalmente, é realizado em julho. “Já reunimos duas mil pessoas em quatro dias, acampadas, aos pés de fogueira, na paz”, garante João.

Marcos diz que o ciclo do rock sempre se renova. “Temos bandas com estilos mais amplos, por causa da facilidade de baixar as músicas na internet”. E a Galeria do Rock, assegura, ainda é um ponto de encontro destes roqueiros. E haja banda na cidade. “Só de covers do AC/DC, devem ter umas três”.

O 13 de julho foi escolhido em homenagem ao festival “Live Aid”, realizado em 1985, e considerado um dos maiores eventos de rock do mundo, realizando shows paralelamente nos Estados Unidos e na Inglaterra. Ao palco, já subiram bandas e artistas como Queen, Mick Jagger, Elton John, Sting, David Bowie.
 
Depois de ouvir Black Sabbath, fã nunca mais escutou MPB

O roqueiro João Batista lembra-se claramente da vez em que se converteu ao mundo do rock. Naquele dia, em vinil, ele conheceu o primeiro disco do Black Sabbath. “Nunca mais voltei a este país. Nunca mais ouvi MPB”. Nesta sexta-feira (11), além dos discos na loja, João tem uma coleção com mais de 16 mil vinis. Tudo catalogado. “Nada de MP3! Nada de iPod! Nããããão! O negócio é pegar cada disco, abrir e ouvir”.

Nesta sexta, ele beira quase meio século na roqueira vida e, ainda por cima, trabalhando no que gosta. “Chega gente aqui perguntando pelo O Rappa. O Rappa não é rock!”, define. A solução é aplicar a conversão certa, por meio do som que o embala.

Agenda cheia

Nos dias que antecedem a data do ritmo das “pedras rolantes”, vários eventos homenageiam o rock, na capital.

Nesta sexta, tem Fil and The Guitar Gun, de São Paulo, em clima de despedida do festival “Conexão BH”, às 20h, na Casa do Jornalista (av. Álvares Cabral, 400, Centro).

Neste sábado (12) e domingo, a festa continua em um esquema de “viradão”, no Mercado das Borboletas (av. Olegário Maciel, 742, 3º andar). O som rola solto das 12h de sábado às 8h domingo, com bandas de rock, música eletrônica e outros ritmos meio “filhotes” do “pai maior” homenageado na semana.

All night

Noite adentro também acontecem shows em casas como Jack Rock Bar (av. Contorno, 5623, Funcionários), Circus Rock Bar (r. Gonçalves Dias, 2010, Lourdes) e Lord Pub (r. Viçosa, 263, São Pedro), sempre a partir das 23h.
Serão duas noites com três shows em cada casa do chamado “Circuito do Rock”. Entre as atrações está o Hocus Pocus, um das mais tradicionais covers dos Beatles do país, o Led III e o Metallica Cover Brazil. Para a ocasião, foi criado o Drink Especial “Dia Mundial do Rock”. Informações: www.circuitodorock.com.br.
 
"Chico Buarque podia compor funk"
 
“Supertramp? É maneirinho, dizem. Mas é rock! Pink Floyd? É maneirinho, falam. Mas é rock! Só o rock é capaz de colocar 70 mil pessoas em um show, em qualquer época. O problema do funk são as letras. Chico Buarque poderia compor para o funk. Imagine isso? Quem sabe não sai um refrão mais melhorado. Por isso que digo, o rock está aqui, no centro, e estes ritmos vão passando ao lado”. (João Batista)

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