Festival de Gramado: tudo é fake no filme gaúcho 'Bio'

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
28/08/2017 às 18:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:18
 (BRUNO POLIDORO/DIVULGAÇÃO)

(BRUNO POLIDORO/DIVULGAÇÃO)

GRAMADO (RS) – Como não fazer uma confusão? A pergunta foi feita pelo diretor gaúcho Carlos Gerbase diante do roteiro de “Bio”, que reúne 39 personagens sem nomes, todos falando diretamente para a câmera–como se fosse num documentário– sobre a trajetória de um cientista fictício desde os primeiros anos de vida até a sua morte.

“Criamos 13 histórias que são como pequenos curtas, envolvendo um ano diferente da vida dele. Temos uma longa trajetória, mas com histórias específicas. Assim o espectador que perder alguma informação não abandona o filme, pois pode retomar na história seguinte”, registra Gerbase, que teve o filme exibido no 45º Festival de Cinema de Gramado, na última semana.

Os personagens, vividos por atores como Maitê Proença, Tainá Müller, Branca Messina, Marco Ricca, Werner Schünemann e Rosanne Mulholland, sustentam um falso documentário, denominado no meio cinematográfico como “mockumentary” e muito explorado no cinema americano – vide “A Hard Day’s Night” (1964), de Richard Lester, “Zelig” (1983), de Woody Allen.

“Não há nada de novo nisso, mas na forma que faço, é impossível”, diverte-se Gerbase, que sempre gostou de trabalhar com grande elenco. “Nos documentários, geralmente, os depoimentos são nostálgicos, quase absolvendo o biografado. Uma regra que adotei foi que os atores deveriam falar como se tivesse acabado de acontecer, naquele ano específico”, detalha.

“MUITO LOUCO”
Uma referência para o cineasta são os filmes do documentarista Eduardo Coutinho, falecido em 2014. “Ele tinha uma capacidade de conduzir as entrevistas de modo que as entrevistas ficassem boas. Como eu que escrevi as respostas em ‘Bio’, não corri o risco de elas ficarem ruins. São sempre as que eu queria”, diverte-se Gerbase.

A fotografia foi uma forma de enfatizar as diferenças de épocas. “A luz varia do passado ao futuro, criando contrastes para diferenciar cada bloco. No futuro, por exemplo, as cores são mais distantes”, destaca o diretor de fotografia Bruno Polidoro. Outro desafio foi filmar tudo em estúdio, com cada participação sendo gravada em um dia.

Para Tainá Müller, “Bio” representa um retorno ao cinema gaúcho. “Fui aluna do Gerbase na PUC-RS, fazendo a monitoria de montagem da faculdade. Depois trabalhei como terceira assistente de direção dele em ‘Brava Gente’. Quando eu recebi o roteiro sem diálogos, achei tudo aquilo muito louco, pois você não tem o jogo cênico com o colega”, descreve.

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