Festival "Eletronika" volta a invadir capital mineira

Cinthya Oliveira/Hoje em Dia
09/09/2014 às 07:27.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:07
 (Jose de Holanda/)

(Jose de Holanda/)

O espaço do Oi Futuro dedicado a exposições de artes visuais vai ganhar outra conotação a partir de quinta-feira. A edição 2014 do festival “Eletronika” promete levar o que há de mais vanguarda na criação musical brasileira para a galeria do espaço, com shows que devem avançar por boa parte da madrugada.

De acordo com o curador do evento (pelo segundo ano consecutivo), Chico Dub, foi feito um recorte de mapeamento da nova produção eletrônica experimental no Brasil. “Dessa vez, os produtores me pediram shows cases de artistas inovadores que fizessem um som de pista, com a intenção de criar um ‘Clube Eletronika’, afirma.

E de inovação musical brasileira, Chico Dub conhece muito bem: ele é o criador da coletânea “Hy Brazil”, que está chegando ao seu sexto volume. A cada disco, são apresentados 14 novos artistas daqui, com músicas inéditas. “Temos acordos com selos internacionais, para que o pessoal lá de fora conheça melhor o som feito aqui, na contemporaneidade. Tenho a impressão de que eles só conhecem o que foi feito no Brasil nos anos 60 e 70”, diz o curador, que convidou DJs, músicos e produtores de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

Palco

Mas o “Eletronika” também ocupa o teatro com a música de vanguarda – dessa vez, mais contemplativa – no projeto chamado “Palco Eletronika”. Aqui, nem todos os artistas utilizam tecnologia eletrônica, mas as sonoridades novas influenciam o trabalho de alguma forma. O recorte principal são as novas tendências.

É o caso do show de abertura, que se dá com Juçara Marçal, a incrível voz por traz de vários projetos paulistanos aplaudidos por público e crítica – em especial, o Metá Metá. A cantora traz à capital mineira o repertório de seu primeiro álbum solo, “Encarnado”, contando com as cordas experimentais dos amigos Kiko Dinucci, Rodrigo Campos, e Thomas Rohrer.

Já no sábado, Maurício Takara (praticamente um veterano no “Eletronika”) apresenta sua “Música Resiliente para Piano e Vibrafones”, com composições influenciadas por percussão mântrica de lugares como Brasil, Índia e Tailândia.

“O carro-chefe do festival é conseguir fazer um garimpo de novas tendências, dessa vez com um foco maior sobre a música brasileira. A cada ano, vamos rompendo fronteiras, avançando de maneira gostosa e positiva, permitindo uma difusão dessa música inovadora”, afirma Aluizer Malab, organizador e criador do evento, que é realizado em Belo Horizonte há nada menos que 16 anos.

Parceria com festival alemão CTM

O “Eletronika” conta também com uma programação internacional, graças a uma parceria com os festivais alemães (que acontecem de forma cooperativa) CTM Berlim e Club Transmediale, ditos como dos mais importantes da Europa quando o assunto é arte digital e música eletrônica.

Um dos pontos altos dessa parceria é a presença do trio alemão To Rococo Rot, que combina elementos acústicos e eletrônicos. O grupo apresenta no teatro Klauss Vianna, no domingo, o disco “Instrument”, contando com a participação do cultuado produtor e músico americano Arto Lindsay – apaixonado confesso pela música brasileira e com atuação marcante aqui, nos anos 90.

O festival alemão traz, ainda, o italiano Lorenzo Senni, pesquisador do universo da dance music, além de fundador do selo Presto!? Records. Para quem quiser como funciona um festival na Europa, no sábado acontece um bate-papo entre público e Remco Schuurbiers, um dos organizadores do Transmediale.

O rock and roll também tem tudo a ver com o “Eletronika”. No domingo, acontece o show da banda paulista HAB, formada por integrantes de projetos já acostumados a experimentar sonoridades: M.Takara 3, Acachapa e Hurtmold.

A formação é igual à de qualquer banda de rock “clássica” – duas guitarras, um baixo e uma bateria. Por que, então, a presença nesse festival?

“Somos influenciados pela música eletrônica, pelo ‘relógio’ da música eletrônica. Optamos por ter uma banda orgânica, que caminha por essas esferas. Em vez de usar um pedal que permite um loop, preferimos executar o efeito de uma maneira mais livre”, afirma Guilherme Valério, guitarrista e principal compositor do grupo.

Mineiros

Para o “Clube Eletronika”, o curador, Chico Dub pensou em fazer um panorama do que há de mais diferente na produção, mas sem deixar de destacar uma brasilidade.

Assim, na primeira noite, o curador deu ênfase à vanguarda eletrônica mineira, com Mujique (de Pouso Alegre) e Fudisterik (de Juiz de Fora. “São artistas que fazem uma música eletrônica rural, pegando elementos do folclore e da música feita no interior do país”, conta Dub.

Para a segunda noite, ele pensou em dois nomes antenados com a produção que tem movimentado as cenas do axé (o baiano Mauro Telefunksoul) e do funk (Omulu). “O funk carioca tem passado por uma renovação nos últimos dois anos, incorporando elementos de outras sonoridades. É ele quem mostra essas novidades por meio de seu selo, Arrastão. Já o Mauro é o criador de um novo gênero, o Bahia Bass”, diz.

O mineiro Seixlack toca ao vivo

A terceira noite de “Clube Eletronika” traz dois nomes de uma novíssima realidade da noite paulistana, o “live”, ou seja, produtores que executam suas criações na hora, em vez de reproduzir o que foi feito em casa.

Como Seixlack, um mineiro de Uberaba radicado em são Paulo há 12 anos. Desde janeiro, ele tem apostado na novidade em tempo integral. “O live é difícil para o artista, mas também para o público, porque não costuma ser tão interativo quanto um DJ set. Mas eu e alguns amigos temos feito ‘live’ e temos visto que o público tem dançado e interagido da mesma maneira”, diz Seixlack, que fará uma apresentação com duas máquina, um pedal e uma mesa de som. Sem computadores.

O músico mineiro faz parte do coletivo Metanol FM (metanol.fm), que nasceu como um programa de rádio há cinco anos e hoje é um projeto mais completo de música eletrônica – com festas na rua e transmissões ao vivo.

Confira mais informações em festivaleletronika.com.br
 

Confira a programação do festival

QUINTA

23h30 Mujique (MG), na galeria
0h30 Fudisterik (MG), na galeria

SEXTA

21h30 Juçara Marçal (SP), no teatro
23h30 Mauro Telefunksoul (BA), na galeria
0h30 Omulu (RJ), na galeria

SÁBADO

20h30 Remco Shuurbiers (Ale), no teatro
21h30 Mauricio Takara (SP), no teatro
22h30 Lorenzo Senni (Ita), no teatro
23h30 Zopelar (SP), na galeria
0h30 Seixlack (SP), na galeria

DOMINGO

20h30 HAB, no teatro
21h30 To Rococo Rot (Ale) + Arto Lindsay (Bra/EUA), no teatro
No Oi Futuro. Shows no teatro custam R$ 10 e R$ 5 (meia). “Clube Eletronika” tem entrada franca.










 

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