Festival Ratha-Yatra promove amanhã seu tradicional cortejo no Centro de BH

Elemara Duarte - Hoje em Dia
21/08/2015 às 06:55.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:26
 (Divulgação)

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Se o leitor amigo passar pela região da Praça 7 neste sábado (22), a partir das 10h, é capaz de jurar, de pés juntos, que a Índia é ali. Tudo por causa da onda irresistível feita de muita cor, alegria e de mantras seculares promovida pelo cortejo do Festival da Índia Ratha-Yatra.   O evento religioso-cultural milenar é organizado pela representante belo-horizontina da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna (Iskcon BH), conhecida como “Movimento Hare Krishna”.   O epicentro de toda mobilização é o “passeio” das “Deidades” – esculturas ou pinturas de “Krishna” (“Deus”), presente nos templos e nas casas dos adeptos. “Celebramos a diversidade e a possibilidade de um reencontro amoroso com o Divino”, explica Romero Carvalho, um dos organizadores.   É como se fosse uma procissão, mas, pelo teor de alegria que se vê, qualquer pessoa, mesmo não sendo adepta, se sente bem-vinda no cortejo. “Antes do Ratha-Yatra, as Deidades tomam um banho, por isso, ficam como se precisassem se recuperar. Para tal, elas saem do templo”, explica a devota Karen Veloso, ou “Kamalaksi”, nome dela no movimento e que significa “olhos de lótus”.   As Deidades do templo de Belo Horizonte, que fica no Prado, estão em um sítio, sendo reformadas. “O Ratha-Yatra é o primeiro dia da recuperação delas”, acrescenta.   Sári e açafrão   Na versão mineira do Ratha-Yatra (também conhecido como “Festival das Carruagens”), as adeptas se vestem de “sáris” coloridos – a roupa típica das indianas.   Para os homens, as vestes geralmente são em tons de “açafrão” – alaranjado das roupas de monges em exóticos documentários na TV. Ou mesmo pelos adeptos que circulam pelo Centro da cidade divulgando livros.   No Ratha-Yatra, além da apoteótica procissão, a celebração vai contar também com música e danças típicas no Parque Municipal, onde o cortejo chega.   Durante o evento serão servidas refeições gratuitamente, por meio do programa “Alimentos Para a Vida” – cadeia de distribuição de alimentos vegetarianos. O público também contará com barracas de venda de pratos típicos.   Atrações gratuitas   No local, muita música, mantras em sânscrito, ioga e dança clássica indiana, conhecida como “bharatnatyam”. Na música, destaque para a multiinstrumentista Bal Krishna. A dança clássica do país de Mahatma Gandhi será mostrada pelas representantes do estilo no Brasil – Krishna Sharana e Kamalaksi Rupini.   Trazido para o ocidente pelo mestre espiritual Srila Prabhupada, fundador do Movimento Hare Krishna, o Ratha-Yatra foi realizado pela primeira vez fora da Índia em São Francisco (EUA), em 1968. Além de BH, o evento acontece em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba e Porto Alegre.    

EM FAMÍLIA - Neel Madhav com os pais, Ronan Carletto e Karen Veloso. "Ele tem um Krishna pequeno e cuida dele, oferece flores, incenso", diz a mãe. Crédito: Cristiano Machado/Hoje em Dia   ‘Eu ia até a Igreja São José e cantava mantras’, diz adepta   Professora de dança, mestranda em artes na UFMG, devota há 15 anos, casada com um funcionário público, também devoto, com quem tem um filho de 7 anos, Karen Veloso, 36 anos, não tem aquele perfil de “hare krishna” que vive exclusivamente para vender livros e incensos pelas ruas. Estar na rua não é um pré-requisito para ser um hare krishna.   “O livro pode parar na mão de uma pessoa que não entraria no templo. Fala quem é Deus, o que é o karma. Há devotos que têm bons salários em suas profissões, mas que, sempre que podem, vão para as ruas divulgar”, esclarece.   Ela explica que há monges que dedicam tempo integral ao templo – eles acordam às 4h30 para a primeira meditação. “Tem dia que dou conta de acordar neste horário, mas trabalho até tarde e, quando não dá, organizo os horários”.   Quando trabalhava como gerente em uma empresa de cobrança, no Centro de BH, na hora do almoço, Karen diz que ia até a Igreja São José. Assistir missa? Quase isso. “É um lugar tranquilo, na hora do almoço, se não tivesse ninguém para eu atrapalhar, eu cantava os mantras baixinho. Somos abertos à todas as religiões”.   Cerca de 8 milhões de pessoas é o público que o Ratha-Yatra chega a reunir, por ano, em Jagannatha Puri, na Índia, onde o festival nasceu   Confira o vídeo do Festival:  

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