Filarmônica usa instrumentos inusitados em concerto

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
27/04/2016 às 17:34.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:09
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

O concerto desta quinta-feira da Filarmônica terá um grande diferencial – e, dessa vez, não por causa de um convidado. Para interpretar o balé “Parade”, do compositor francês Erik Satie (1866-1925), a orquestra teve de recorrer a instrumentos bastante inusitados: concha do mar, máquina de escrever, sirenes, baldes de água, revólver de espoleta, entre outros.

Isso foi fundamental para que a apresentação reproduzisse as mesmas sonoridades da montagem original, de 1917.
“Fui atrás dos instrumentos ou das sonoridades que o compositor pedia. Em alguns casos, tive que buscar uma aproximação. Quando tinha que usar uma roleta de cassino, fui atrás de uma roda de bicicleta”, conta o chefe de naipe da percussão, Rafael Alberto, que passou dois meses fazendo pesquisas para este concerto.

O mais complexo do trabalho foi a construção de um garrafafone, uma espécie de vibrafone feito com garrafas. “O compositor pede 15 notas de garrafas assinadas, e tive que procurar por garrafas que ofereciam sons próximos ao que pedia. Usei desde as grandes garrafas de suco até as pequenas garrafas de cerveja”, conta o percussionista.

Inovação

Essas interferências estranhas não estão na obra de forma aleatória. “Parade” é um balé que mostra a disputa entre três circos para buscar mais público. Os barulhos são referentes à encenação do balé, que foi realizado por grandes artistas da época, em Paris: o argumento é de Jean Cocteau, os figurinos foram assinados por Picasso e a coreografia foi feita por Léonide Massine.

“Os objetos cenográficos foram incluídos pelo Jean Cocteau, e não pelo Satie. Cocteau queria causar escândalo, queria inovar, especialmente depois de todo barulho que houve na época por causa de ‘A Sagração da Primavera’”, conta Rafael, lembrando a referência que se tornou a criação do russo Igor Stravinsky, um marco do início do Modernismo.

Assim como em 1917, o percussionista acredita que a obra ainda surpreenda o público. “Isso provoca uma intensa curiosidade. Essa história das garrafas, por exemplo, é algo que deixa todo mundo impressionado, mesmo que isso já tenha sido usado na música muitas vezes”.

Francês

Além da composição de Sartie, o concerto da Filarmônica traz mais três obras francesas: “As Sombras do Tempo”, de Henri Dutilleux (1916-2013), a “Sinfonia nº 1 em Dó Maior”, de Georges Bizet (1838-1875), e “L’Isle Joyeuse”, de Claude Debussy (1862-1918).

Orquestra Filarmônica de Minas Gerais na Sala Minas Gerais (rua Tenente Brito Melo, 1090, Barro Preto), quinta e sexta, às 20h30. Ingressos a partir de R$ 34
 

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