Filmado em BH, média-metragem 'O Natal de Rita' será exibido neste sábado, na TV Globo

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
21/12/2017 às 18:00.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:23
 (Matheus Rocha/Divulgação)

(Matheus Rocha/Divulgação)

Matheus Rocha/Divulgação

O média-metragem se passa em Belo Horizonte e traz paisagens do baixo centro, como a vista da rua Sapucaí

É na “varanda” da rua Sapucaí, uma das paisagens-símbolo do recente resgate cultural do baixo centro de Belo Horizonte, que Rita se encontra com o marido Roberto. Enquanto um bloco carnavalesco ensaia na Praça da Estação e uma das fachadas pintadas pelo festival Cura enfeita a vista, o casal tem uma conversa sensível e fatídica. 

Essa é uma das cenas do telefilme “O Natal de Rita”, que será exibido neste sábado (23), às 14h30, pela Globo Minas, e ficará disponível para não assinantes na Globo Play até o fim do mês. Coprodução entre Globo Filmes e EntreFilmes, com direção de Ricardo Alves Jr. e roteiro de Germano Melo, o média-metragem integra um especial regional de fim de ano da emissora, que traz, ainda, filmes gravados em Goiás, Ceará e Distrito Federal. 

A trama conta a história de Rita (Fernanda Vianna), mulher de meia idade que é demitida do trabalho pouco antes do Natal e que, para se reerguer, precisa conseguir o prêmio de um concurso de covers musicais. Na empreitada, ela relembra os tempos de juventude, quando imitava Rita Lee, e revive sua banda cover com a amiga Marguê ( Gilda Nomacce) e o marido (Rodolfo Vaz), também desempregado.

“O filme é um reflexo da situação em que o Brasil se encontra hoje, já que trata esse terror do desemprego, que vivemos novamente de dois anos para cá”, reflete Ricardo Alves Jr. “Mas, para além do problema momentâneo de Rita, conta a saga dessa mulher para reencontrar um sonho artístico do passado”, pontua o diretor mineiro.Matheus Rocha/Divulgação

Rita perde o emprego na época do natal e participa de um concurso de covers para tentar se reerguer 

Beagá solar

Alves Jr. sublinha que “O Natal de Rita” retrata uma BH solar e conectada aos movimentos contemporâneos de resistência cultural e política. “O filme mostra uma BH urbana, cosmopolita, com o centro representado de uma maneira forte. Para a minha geração, é muito importante essa reocupação do baixo centro, que veio com o carnaval de rua e, agora, por exemplo, com o Cura”, afirma.

“Também quis trabalhar a cena queer na estética dos covers, que é um ponto importante dessa resistência política da cidade. E nada melhor que Rita Lee para falar sobre isso. Uma artista que atravessa gerações e que foi de uma liberdade muito grande, sexual, de pensamento e de costumes”, completa o diretor.

Para Alves Jr, outro ponto crucial do filme é o elenco, que traz nomes como Teuda Bara, Maurício Tizumba, Lira Ribas, Rejane Faria e Rafael Lucas Bacelar. “A intenção foi misturar esse grande elenco de teatro que temos em Minas, com artistas de diferentes gerações e trajetórias coabitando o universo de Rita”, explica.Matheus Rocha/Divulgação 

O filme traz duas canções de Rita Lee, além de várias músicas de bandas e cantores de Belo Horizonte

Trilha sonora

A representação da potência cultural mineira em “O Natal de Rita” se estende, também, à música. Para amarrar a trilha sonora, Alves Jr . convidou o produtor musical Ygor Rajão, figura carimbada da cena autoral de BH. “O filme traz duas músicas de Rita Lee, ‘Saúde’ e ‘Doce Vampiro’, interpretadas pela protagonista. Minha função foi correr atrás de canções de bandas de BH que tivessem a ver com esses temas”, conta Rajão, que também assina a mixagem do telefilme. 

“A primeira música que me veio à cabeça foi ‘Apocalipse do Amor’, do Dead Lover’s Twisted Heart, que teve uma importância histórica no reflorescimento do carnaval. Em seguida, escolhi ‘Quero Ser Rita Lee’, música de Brisa Marques, interpretada por Veronez”, afirma, contando que foi no show de lançamento do disco “Narciso Deu Um Grito” (2017), de Veronez, que ele e Alves Jr. se conectaram.

Completam a trilha as músicas “Rastros”, do Somba; “Cambalhota”, do Tião Duá; e “O Sol Não Dá Ré”, do Djalma Não Entende de Política” – além da marchinha “Pierrô Apaixonado”, executada pela Estação Diamante Brass Band e usada como o ensaio do bloco na Praça da Estação. “Além de casarem bem com as cenas, as músicas mostram um recorte muito digno do atual movimento artístico da cidade”, finaliza Rajão. 

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