(SONY/DIVULGAÇÃO)
"Águas Rasas” é um thriller de suspense eficiente, a despeito das inevitáveis comparações com “Tubarão” (1975) e seus congêneres, ao apostar no enfrentamento psicológico, se assim podemos dizer, entre um homem e um tubarão, com cada um se valendo de artifícios vários para vencer o outro.
Mas esse combate em “Águas Rasas”, que não teme repetir o final do filme de Spielberg, é uma das muitas leituras possíveis, chamando a atenção também para o protagonismo feminino. Não é simplesmente o fato de uma mulher ganhar papel de relevo, mas as razões que a levaram a esse momento de isolamento e superação.
Assim como a astronauta vivida por Sandra Bullock em “Gravidade” (2013), a médica que gosta de surfar escolhe uma praia isolada para viajar como uma forma de exorcizar um passado relacionado a uma perda familiar – no caso desse filme do filme do espanhol Jaume Collet-Serra, a mãe da personagem.
Estar sozinha no espaço ou no mar é uma maneira de combater esses fantasmas e se tornar mais forte. Quanto mais próxima do perigo, maior é a importância de estar viva. Não é por acaso que, nas duas histórias, esse renascimento se dá na água, como se tirasse todas as impurezas e buscasse o que é essencial.
Impotência
Em “Águas Rasas”, Nancy fica presa numa rocha, ameaçada por um tubarão incansável, e vê todos os seus pertences na praia, a poucos metros. Tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe, sensação que Collet-Serra desenvolve muito bem, ressaltando a médica como uma observadora impotente.
Mas o filme perde força ao “humanizar” o oponente marítimo dela, dando-lhe feições vingativas após ser ferido.
Outro aspecto negativo do longa é a sexualização, o êxtase visual em dobradinha com a violência. Nada errado em Blake Lively estar de biquini, principalmente na praia, mas a forma como a câmera a “despe” é exagerada.