Filme ‘A Última Lição’ aborda eutanásia

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
20/05/2017 às 19:55.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:39

Ainda um tema tabu em nossa sociedade, a eutanásia vem ganhando diversas abordagens no cinema, especialmente na Europa, onde o foco está no direito dos idosos de escolher terminar o ciclo de vida no momento que acharem mais propício. Esse é o objetivo de Madeleine, uma senhora de 92 anos que não quer ficar presa numa cama de hospital. Protagonista de “A Última Lição”, produção francesa que está disponível em video on demand pela Sofá Digital, ela anuncia o seu desejo em sua festa de aniversário. O filme desenvolve a narrativa a partir desses contrastes (vida e morte), a começar pela antiga profissão de Madeleine – ela era uma parteira. O neto mais velho quer ir embora para a Austrália, com Madeleine criando uma analogia com a sua “partida”. A família fica transtornada com a situação, mas o roteiro põe em xeque essa reação, ao mostrar argumentos egoístas e simplórios diante da determinação de matriarca. Eles não querem deixá-la ir porque “não está certo” ou porque “é preciso esperar a hora”. A vida passa a ganhar outros significados, diferentemente da “não morte” como um médico sintetiza em determinado momento, explicando que sua função é não permitir que ninguém morra, mesmo que a vida se resuma a ficar permanentemente inerte. Apenas a filha Diane percebe essa distinção, entendendo a morte como rito, que precisa ser aproveitada pelos entes como o fechamento de um ciclo. Isso fica claro nas memórias de Diana, que passa a reviver a sua relação com a mãe na infância. Brincadeiras e simples trocas de afeto, cada vez mais raras nos acelerados dias de nossa vida adulta (representado pelo outro filho, Pierre, sempre à beira de uma explosão), são retomadas por mãe e filha, não necessariamente nesses mesmos papéis.

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