Filme aborda efeitos da abertura econômica chinesa

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
24/05/2017 às 18:58.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:42

No filme chinês “A Vida Após a Vida”, outra estreia de hoje nos cinemas, Mingchun recebe a visita da esposa morta, que usa o corpo do filho Leilei para pedir que uma árvore plantada na porta de casa seja transferida para outro local. A reação de Mingchun é de normalidade. No lugar de dúvida ou felicidade, ele apenas pergunta o que ela quer. Essa frieza, acentuada nas relações de um povoado que vem se esvaziando a cada dia, em função do progresso.  O nome de Jia Zhang-Ke na produção é muito revelador da proposta do filme, já que as consequências sociais da abertura econômica na China é tema recorrente de seu trabalho, como em “Em Busca da Vida” e “Plataforma”. Em “Vida Após a Vida”, o desaparecimento cultural e histórico ganha outro significado, a partir desse “fantasma” que espera preservar a sua história de vida contida numa árvore tão devastada como o ambiente à sua volta. O enredo do diretor estreante Zhang Hanyi trata dessa busca, num mundo cada vez mais petrificado, desabitado e demolido, prevalecendo imagens disformes e de veículos da construção como máquinas de destruição. É curioso que garoto seja mostrado de costas, talvez para reforçar o papel de observador e também para evitar que se crie empatia em torno do fantasma e desvie a atenção para o casal, quando o tema é muito maior do que isso.

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