Filme brasiliense cativa plateia do Festival de Gramado

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
11/08/2015 às 10:38.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:18
 (Festival de Gramado/Divulgação)

(Festival de Gramado/Divulgação)

GRAMADO – “O Último Cine Drive-in” será lançado semana que vem nos cinemas, mas já mostrou no Festival de Cinema de Gramado,  após exibição no terceiro dia de mostra competitiva, na noite de segunda-feira, que tem força para cativar plateias com sua narrativa agridoce, carinhosa com seus personagens, ao mesmo tempo em que esboça a realidade sócio-econômica do país sem pesar a mão na politica.   Alguém poderá dizer que é a versão brasileira de “Cinema Paradiso” (produção italiana da década de 80), ao abordar com nostalgia os antigos cinemas de rua, mas o filme brasiliense dirigido por Iberê Carvalho está mais para um estilo argentino de contar sua história, em que as dificuldades financeiras e o pessimismo coletivo ajudam a unir mais as pessoas, levando-as a enxergar o que é realmente essencial na vida.   Protagonizada por Othon Bastos, num dos seus melhores papéis nos últimos anos, a trama parte de duas situações de morte gradual e inevitável:  o desinteresse pelo drive-in da família, praticamente às moscas, e o câncer da mãe, que só terá dois meses de vida. O que é engrandece o filme é a forma como essas informações se juntam, com ternura, humor, um pouco de aventura e uma mensagem edificante.   As ações se localizam basicamente em dois prédios:  o cinema, que também é casa dos personagens, e o hospital, onde vamos encontrar certa organicidade na maneira de se relacionar com o lugar, que sofre com os problemas crônicos do setor público, mas que ganha humanismo e movimento quando, nas derradeiras cenas, pai e filho, então distantes, se juntam para promover uma fuga.   Othon dá ao seu personagem, calejado e teimoso, uma força que, bastam alguns gestos, para entendermos as suas motivações. Como no momento em que se veste de médico e olha para seus colegas “de verdade”, exibindo controle da situação e garantindo risos da plateia. Diferentemente de Marlonbrando (Breno Nina), o filho que está sempre aflito, devido ao estado de saúde da mãe, que aprenderá a perdoar e ver beleza no outro.   É assim que o pai ausente vira um Dom Quixote, belamente lutando contra moinhos de vento, porque o fim das coisas não significa necessariamente um ponto sem retorno. “O Último Cine Drive-in” quer nos mostrar que ele pode ser o início para a construção de outros caminhos, tão surpreendentes e misteriosos como os anteriores, estampados nas largas e intermináveis avenidas da capital federal.

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