Filme ‘Em Pedaços’ retrata imigração na Alemanha

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
16/03/2018 às 19:57.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:54
 (IMOVISION/DIVULGAÇÃO)

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Além de se referir a uma mulher que sofre com a perda de marido e filho durante um atentado neonazista, o título do filme alemão “Em Pedaços”, em cartaz nos cinemas, também define a sua estrutura, em que se vê dois pedaços bem distintos. O primeiro é quando o longa se detém na dor da personagem Katja, vivida por Diane Krueger (“Bastardos Inglórios”), e a condução do caso, em que ela é questionada por suas escolhas –um marido curdo e ex-traficante. Com tatuagens espalhadas pelo corpo e sem pensar duas vezes antes de se drogar para aliviar o seu sofrimento, Katja confronta não só a polícia como também as primeiras reticências do público até se esclarecer os autores do crime. O diretor turco-germânico Fatih Akin, que já mostrou em outros trabalhos a discriminação sobre imigrantes na Alemanha, estabelece, de forma pungente, essa desassociação tão rara de acontecer, entre o passado e o presente. Tanto a polícia como a Justiça recorrem ao passado, condenando Katja por fatos já ocorridos, como se ficassem marcados nela permanentemente. As tatuagens da protagonista são muito simbólicas neste sentido. Quando ela passa numa loja especializada e termina uma tatuagem antiga, o filme inicia o seu segundo “pedaço”, com a personagem se transformando num Charles Bronson ou Liam Neeson, em busca de vingança. Nesta parte, “Em Pedaços” não consegue ultrapassar a curiosidade pela presença de células nazistas na Alemanha atual, perdendo o que tinha de mais forte: o “depois” da devastação interna de uma mulher que tinha se recuperado com o amor familiar.

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