Cartaz de hoje, às 19h30, no MIS Santa Tereza, o documentário “Trajetória – Julgamento, 20 Anos de Rap” enfoca a história do grupo de rap mais longevo de Minas Gerais. Motivo de comemoração não falta– principalmente para um estilo mal compreendido no início– mas os integrantes do Julgamento resolveram compartilhar essa vitória com os companheiros de cena que ficaram pelo caminho. “Muitos artistas daquela época não conseguiram gravar um disco. Não têm qualquer registro audiovisual ou matéria em jornal. Existem apenas na nossa memória e, por isso, é importante falar deles no filme. Somos herdeiros dessa galera, com um pouco deles no DNA da gente”, observa o vocalista Roger Deff, lembrando que os primeiros anos da banda não foram fáceis, só conseguindo lançar um CD em 2008. “Fizemos o disco por nossa conta e com pouca tiragem. Não que tenhamos perdido com isso, já que chegar à qualidade que temos hoje, com o amadurecimento das ideias, foi um processo demorado. O próprio cenário do rap no Brasil mudou muito e surgiram outras referências. No documentário isso fica claro, a partir de uma geração que não era compreendida pela sociedade, nem mesmo pela periferia”, analisa. O filme tem a assinatura de Carlos Machado na direção e faz parte de um projeto maior, atrelado ao lançamento do terceiro e último CD do Julgamento: o recém-lançado “Boa Noite”. Feita com recursos “abaixo do baixo orçamento”, como destaca o realizador, a partir da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, a produção recorre a material de arquivo, além de muitas entrevistas.  “O Julgamento sempre se manifestou sobre as desigualdades sociais, num tipo de engajamento muito consciente, sem deixar de lado a poesia”, salienta Machado. No primeiro disco, “No Foco do Caos”, esse desejo culminou em canções de protesto social. Agora, o cenário político virou a tônica do repertório. “Isso está muito colocado no novo disco, como uma narrativa baseada nos crimes políticos recentes”, sintetiza Deff. Exibição do documentário “Trajetória – Julgamento, 20 Anos de Rap”. Hoje, às 19h30, no MIS Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Praça Duque de Caxias – Santa Tereza). Entrada franca.

Compartilhar