FIT: Grupo peruano Yuyachkani volta a BH

Miguel Anunciação
18/06/2012 às 18:52.
Atualizado em 21/11/2021 às 22:56
 (Divulgação)

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O grupo peruano Yuyachkani vem a Belo Horizonte outra vez: traz “El Último Ensayo” (até quinta, no Teatro Francisco Nunes) e “Sin Título, Técnica Mista” (de sexta a domingo, no Cine Santa Tereza). O segundo mescla, de novo, atores com o que as artes plásticas chamam de instalação. Com um depósito de memórias de conflitos recentes e da exploração do povo no Peru, caminho que já havia experimentado em “Hecho en Peru”, atração do FIT de 2008.


Em “El Último Ensayo”, uma das quatro estreias de hoje no FIT, atores de um grupo se encontram num velho teatro, na esperança de criar um espetáculo em homenagem à velha diva peruana que retorna ao país após 100 anos. “É o nosso Esperando Yma”, graceja Miguel Rubio Zapata, diretor do Yuyachkani, remetendo à cantora lírica peruana Yma Sumac e ao Godot de Samuel Beckett.


Cinco personagens disputam a atenção


Em “Tercer Cuerpo”, drama argentino que estreia no Teatro Alterosa, cinco personagens disputam as atenções, enquanto circulam por quatro espaços: lar, bar, escritório e consultório. Eles terão suas vidas alteradas pelo drama escrito e dirigido por Claudio Tolcachir, talento da cena dramática da Argentina, em teatro e TV.


Destaque da edição de 2011 do Festival de Curitiba, “Tercer Cuerpo” não busca sofisticações de cenografia, figurinos e iluminação para se destacar. Reserva ao tema, ao trato dos diálogos, à estatura do elenco e da direção suas virtudes mais notáveis – mesmas armas do bom cinema argentino.


Embora seja modesto nos recursos mais evidentes, “Tercer Cuerpo” é admirável pelo seu alcance. Exemplo de como a “comédia de costumes” também pede ser imperdível.


Das outras estreias, a adaptação da Cia Mundana para “O Idiota”, romance homônimo do russo Dostoiévski tem direção de Cibele Forjaz e um elenco de dez atores. Acomodada no Espaço CentoeQuatro, a encenação é itinerante. Exige verdadeiro tour de force dos envolvidos: minuciosa logística de produção; imensa disposição dos atores, para traduzir cenicamente o texto volumoso e as diversas situações da trama; e requisita ao menos 6h30 de atenção do público, contando dois intervalos.

 
Assediado pelo grande público, desde que tornou-se galã de TV, Domingos Montagner deixou de ser só um dos atores da Cia La Mínima, que vem a BH até com certa frequência. Agora, é a metade célebre do grupo paulista dedicado à arte do palhaço (Fernando Sampaio é a outra) e o porta-voz da mais nova criação de 15 anos de trajetória do grupo.


“Mistero Buffo” reelabora cenas de Dario Fo


Atração até esta quarta-feira, no Oi Futuro, “Mistero Buffo” reelabora quatro das mais de 20 cenas que Dario Fo escreveu e exibiu na efervescência política dos anos 60 e 70. As cenas se inspirariam nos Mistérios Medievais, temas de cunho religioso.


O ator, dramaturgo e diretor italiano, Nobel de Literatura de 1997, revisitou o teatro da igreja segundo o olhar crítico dos jograis, artistas pobres que iam às aldeias mais remotas criticar o poder dos ricos, as intolerâncias e os dogmas da religião católica. Sem trégua.


Os jograis, acredita Domingos, seriam os palhaços de hoje. “Nossos tataravós”. Por isso, ele, Sampaio e Fernando Paz, ator e músico convidado, injetam humor de clown nas cenas de “Mistero Buffo”. Sem blasfemar jamais, atacariam o espetáculo da fé, quem tira proveito dos crédulos e a mentira que a mesma crença tornaria os homens iguais.

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