Flúvia Lacerda, a 'Gisele Bündchen' do plus size, prepara biografia

Elemara Duarte - Hoje em Dia
27/12/2015 às 08:41.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:28
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

A modelo brasileira Flúvia Lacerda vai contar sua vida em um livro. Mas não é uma biografia convencional. Em visita a BH, no início deste mês, para fotografar para uma grife local, a top internacional, que é considerada a "Gisele Bündchen do plus size", disse que quer mostrar a sua história, mas de uma forma que "ajude" outras mulheres.

Plus size" - traduzido para o português, "tamanho maior" - é o termo em inglês para definir a moda destinada às pessoas que têm medidas grandes. E "moda" é o que Flúvia quer realmente ver para o segmento que representa. Ela defende que além de ter algo que apenas sirva, a consumidora deve ter a opção para comprar algo esteticamente atraente.  

A bem articulada modelo de 35 anos, dona de autênticas curvas, é mãe de dois filhos - uma menina de 15 anos e um bebê. Radicada em Nova York (segundo a mesma, uma cidade que "não é para fracos"), Flúvia diz que adora Minas, onde tem vários amigos. Alguns a aguardavam para um jantar no dia seguinte a esta entrevista.  

E desce uma taça de vinho para a top refrescar-se do calor que faz na capital! E mais entrevistas! Quem sabe um brinde para antecipar a comemoração da data que Flúvia celebra no próximo ano? Os 15 anos de carreira. Enquanto isso, no hall do luxuoso hotel em que foi hospedada pela marca de roupas, revezavam-se equipes de imprensa e representantes da editora que vai fazer a "bio" dela, ainda sem previsão para publicação. Em uma dessas brechas, ela falou ao Hoje em Dia:

Como será a biografia?
É pela Companhia das Letras. Mas não quero simplesmente falar de mim. Eu gostaria de impulsionar algo, através do meu trabalho e de tudo aquilo que eu vivi. Eu queria que fosse para ajudar outras mulheres através da autoestima. Sou muito f... para a negatividade!

Acha que ainda lhe conhecem pouco por aqui?
Já fiz todos os grandes programas de entrevistas dentro do Brasil. No final das contas, o trabalho de uma modelo é vender roupa. E você não tem como trabalhar como modelo em uma indústria em que não existe "moda". Mas isso vem mudando. Há nove anos, quando vinha ao Brasil para falar sobre minha carreira, as pessoas diziam: "Modelo gorda, oi? Não vai vingar nunca!"

A indústria já sacou isso?
Eu já estava muito mal-acostumada na Europa e nos Estados Unidos. Mas a minha ficha caiu com esse lance de que aqui não tinha moda para gorda, depois que a minha mala foi extraviada, quando fui visitar minha irmã que morava em Natal (RN). Fui obrigada a vestir as roupas de ginástica dela e ela é mais magra do que eu. Não tinha roupa para mim (à venda). As gordinhas sobreviviam na base da costureira. Então, naquela época, contratei um pessoal para fazer uma pesquisa. Encontramos nove registros de fabricantes de roupas para gordos. Hoje, são mais de 280 marcas, pequenas e grandes.

A ficha caiu para a indústria também!
É um mercado muito rentável. Hoje estou em Belo Horizonte, porque uma marca de Minas me contratou para fazer uma campanha aqui. E eles bancam! É um mercado carente e que ainda não tem uma competição muito acirrada como entre os tamanhos menores de roupas. Sou uma consumidora e quando acho uma calça jeans que caiba em mim, compro cinco.

Plus size é só tendência?
Perguntaram isso para mim em 2010. Pelo contrário! Nós não somos uma febre. Nós existimos como consumidoras. Nosso poder aquisitivo está aí, nós queremos nos vestir bem, nos sentir bem. Mas podem falar: "Ano que vem você emagrece". É muito louco este pensamento, não? Este movimento nas redes sociais é clamor do público.

O que falta para o mercado plus size no Brasil?
Os primeiros passos já foram dados. Mas eu quero moda, não quero somente uma roupa. (Recado às marcas) Prove que você pode me vestir bem, sim, como você faz com todas as mulheres que vestem tamanhos menores.

Pensa em se aposentar?
Eu gosto muito do que eu faço pelo propósito que serve para outras pessoas. Se a pior ofensa para dizer para mim é "você é gorda", você está perdendo o seu tempo. Para mim "gorda" é palavra descritiva. O meu trabalho é um trampolim para discutir isso. Estou com propostas para fazer um tour de palestras pela África do Sul, no ano que vem, juntamente com várias feministas africanas para falar sobre autoestima e sobre vencer preconceitos. É o que realmente me dá combustível para continuar trabalhando.

Já conversou com a Gisele Bündchen?
Nunca.

Imagine que encontro! Capa da Vogue: As duas maiores tops brasileiras em seus segmentos!
(Risos) Seria legal, né?

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