Flagrante do cotidiano pendurado nos fios, em exposição

Clarissa Carvalhaes - Do Hoje em Dia
10/08/2012 às 11:42.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:21
 (Marcelo Prates)

(Marcelo Prates)

Era para ser um castelo de passarinhos, mas, quando Marcelo Prates procurou, não havia sequer um bem-te-vi, tampouco um ninho para fotografar.

Mas, como é necessário o olhar atento, foi encontrando e deparando aos poucos com objetos arremessados nos fios dos postes: cabides, tênis, telefones, bonecas, correntes, tomadas, peças de roupas e botinas. "Era uma caçada aos pássaros, que começara na rua Conselheiro Lafayete com avenida José Cândido da Silveira, (em Belo Horizonte), mas passei uma manhã inteira à espera, e nenhuma ave apareceu. Na busca, comecei a caminhar e a perceber quantas coisas estavam penduradas nos fios. Foi, então, que tive a ideia de registrar tudo aquilo. E, aí, tudo começou", conta Prates.

Ensaio

O resultado do ensaio, nomeado "Pendurados nos Fios", pode ser visto a partir desta sexta-feira (10), na Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães. O projeto de fotografias urbanas foi elevado ao tridimensional, na intersecção do objeto e da escultura. "São nove obras expostas em imagens trípticas (três imagens formando uma única fotografia) e mosaicos", explica.

A mostra inclui painéis de 80x100 centímetros (constituindo um tríptico), mosaicos de 100x180 centímetros e painéis de 60x180 centímetros. Ao percorrer a mostra, o público irá encontrar registros pouco comuns de tudo que é arremessado aos fios de postes com originalidade e lirismo.

"Depois que iniciei esse ensaio, descobri que, em muitos países, arremessar objetos nos fios remete a alguma coisa. Tem significado real; não é simplesmente um ato cru, feito à revelia", explica.

Ações

Em cada parte do mundo, o que é descartado é também testemunho das ações cotidianas. Em muitos casos, é sinal de comemoração, rito de passagem, o fim e o começo.

Na Escócia, quando um jovem arremessa alguma coisa no fio, quer dizer que perdeu a virgindade e está anunciando isso aos colegas. Em outros países, militares que jogam sapatos no fio, pintados de laranja ou outra cor, estão indicando que terminaram o treinamento básico.

Até mesmo no clássico "Peixe Grande e Suas Estórias Extraordinárias" (de Tim Burton, 2003) há o ato do arremessar os sapatos nos fios quando se adentra em uma cidade encantada.

O resultado dessa exposição e de outras fotografias que estão sendo produzidas para a série irão compor, adiante, um livro.


Exposição "Pendurados nos Fios" Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa (Praça da Liberdade, 21). De segunda a sexta-feira, das 8 às 20 horas. Sábados das 8h às 12h. Entrada gratuita. Até 31/8.

Continue lendo esta matéria na Edição Digital. Clique aqui!

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por