Fotografias que 'deram errado' viram pinturas hiper-realistas em exposição

Elemara Duarte - Hoje em Dia
28/07/2015 às 20:59.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:07
 (Hoje em Dia)

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As imagens desta página parecem que estão com algo errado, não é? Depende do ponto de vista. No entendimento do artista plástico Marcel Diogo elas são uma bela inspiração para fazer a série de telas hiper-realistas “Falhas Expostas”. A mostra entra em cartaz nesta quinta-feira (30), na Galeria de Arte Copasa.

Para fazer o trabalho ele mergulhou nos álbuns da família e resgatou fotos feitas com câmeras analógicas mas que “deram errado”: imagens tortas, sobrepostas, com cabeças cortadas ou com manchas. Tudo era bem-vindo. Entre mais de 50 mancadas nos focos, ele resgatou sete e resolveu reproduzir estas imagens em telas.

Uma imagem mostra um dirigível sobre uma praia americana, mas com o horizonte desnivelado. Em outro clique, há um Papai Noel sem cabeça. “É meu primo. E ele estava me carregando”, lembra.

O mais curioso de tudo isso é: para que pegar uma imagem que não teve uma boa finalização e ainda dar mais vida à ela em uma tela? A resposta é: reflexão pura e um pouco de história.

“As primeiras fotografias da história foram feitas com inspiração na pintura. Eram imagens que mostravam as naturezas mortas”, lembra. Depois, a pintura passou a copiar as fotografias, com a atuação dos artistas hiper-realistas. “Ou seja, sempre houve um trânsito entre fotografia e pintura”, resume.

Outro aspecto abordado pelo artista é a mania de fotografar na atualidade. Tudo é fotografável. No celular ou na câmera digital, caso a foto não saia boa, basta deletar. Porém, na época analógica, deletar era atitude de pura ficção científica. Clicou errado, tremeu a mão, já era!

“O filme tinha uma limitação. Eram 12, 24, 36 poses. Tínhamos o risco maior de as imagens ficaram ruins, afinal, só víamos o resultado depois da revelação”, lembra o artista, hoje, com 31 anos.

Aí, a gente para e vai ver as pinturas de Marcel Diogo e lembra deste passado pouco distante. Como a gente era atrasado há menos de 30 anos. Tirava foto era com aquela pena danada. Vai que perdíamos uma “chapa”, uma “pose” do filme.

“Hoje fico pensando nesta palavra – 'revelação'. Acho curioso. Parece que algo seria mesmo revelado, como se fosse um segredo”, compara o pintor.

A situação era tão delicada que mesmo que a fotografia saísse ruim, quase ninguém tinha coragem de jogá-la fora. “Elas iam para o final do álbum ou ficavam atrás de outras imagens melhores”.

E foi este acervo “marginalizado” que o artista plástico belo-horizontino trouxe para as pinceladas da exposição. Assim, transpondo-o para a pintura hiper-realista, ele ganhou importância como obra de arte.

Marcel Diogo avisa que vai continuar a pintar estas imagens “marginais”. Quem tiver alguma coleção do tipo em casa pode enviar as sugestões para o facebook.com.br/marceldiogo.

Serviço

“Falhas Expostas” na Galeria de Arte Copasa (rua Mar de Espanha, 525, Santo Antônio). Diariamente, das 8h às 19h. Entrada franca. De 30/7 a 30/8.

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