Francis Hime festeja 50 anos de carreira

Pedro Artur - Hoje em Dia
07/12/2014 às 11:59.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:17
 (Leo Aversa)

(Leo Aversa)

Nos tempos atuais – e particularmente no Brasil – não é tarefa das mais fáceis contabilizar 50 anos de carreira. Muito menos sem fazer concessões a modismos. Não bastasse, com uma produção intensa e, principalmente, com a chama da vida bem acesa.

No disco “Navega Ilumina” (Selo Sesc), Francis Hime comemora suas cinco décadas de profissão com o prazer (e a qualidade) que exibe desde seu primeiro LP, “Os Seis em Ponto”, de 1964. E com direito a mostrar todas as suas facetas: o músico, o letrista, o arranjador, o compositor popular e o erudito, além do intérprete. Detalhe: são músicas totalmente inéditas, incluindo uma parceria com Vinicius de Moraes.

“Tenho uma grande alegria em compor. Se passo algum tempo sem escrever música, fico triste, macambúzio. É como se fosse o ar que respiro. Gosto de fazer show, mas meu barato é mesmo compor”, pontifica o cantor e compositor.

Harpa e Violino

Aos 75 anos, Francis Hime mostra no álbum toda sua versatilidade, transitando tanto pelo popular quanto pelo erudito. “A ideia era traçar um painel abrangente da minha obra. Reunir o trabalho popular e o de concerto, com as fantasias para harpa e violino. Tem começo, meio e fim”, ressalta.

Em “Navega Ilumina”, Hime compõe com sua parceira de vida e de música, Olívia Hime, e, pela primeira vez, com a filha, Joana – o samba “Sessão da Tarde”. “Ela tem escrito, se dedicado à literatura. Pincei esse poema, fiz um samba bonitinho, com clima de bossa nova”. Há ainda parcerias com Geraldinho Carneiro (a faixa-título), Thiago Amud (“Breu e Graal”) e a citada com o “poetinha”, “Maria da Luz”. O poema fazia parte do balé “Polichinelo”, do cineasta francês Jean Gabriel Albiccoco, idealizado nos anos 1970.

Um menino com a ‘música na alma’

Neste percurso de cinco décadas de carreira, Francis Hime lembra alguns de seus passos. Inclusive os que a antecederam: ele é, por exemplo, formado em Engenharia Mecânica, profissão que jamais exerceu. Foi Vinicius de Moraes quem deu o empurrão definitivo para que Hime cravasse sua opção pela música: o poetinha costumava dizer para a mãe de Hime, Dona Dália (Antonina Melo Franco, mineira de Montes Claros), que aquele menino tinha música na alma. “Vinicius era uma figura doce que incentivava os jovens, como Edu Lobo, Dori Caymmi, Marcos Valle...

Chico Buarque é outro nome que frequenta as páginas da biografia de Hime: juntos, os dois assinam verdadeiras joias da música brasileira, como “Trocando em Miúdos” e “Atrás da Porta”. Hime diz que parceria com o cantor e compositor nasceu quase que por acaso. “’Atrás da Porta’ foi nossa primeira parceria. Fiz a melodia e ele começou a fazer a letra. Fez a metade, mas não acabava. Até que a Elis (Regina) me pediu uma música para um disco que tinha o (Roberto) Menescal como produtor. Disse para ela que tinha deixado pronta uma melodia, mas que ela teria que ficar no pé do meu parceiro novo. Então, o Chico foi ‘obrigado’ a terminar a tarefa”, brinca.

Com o mesmo Chico Buarque, Hime fez um disco clássico da MPB, “Meus Caros Amigos”, de 1976, que vendeu, na época, mais de 500 mil cópias. No entanto, não esquece sua estreia no mercado fonográfico: “Os Seis em Ponto”, diz, tem, sim, um sabor especial. “Mas a gente sempre tem a tendência de gostar mais do último trabalho. Agora, acho que consegui sintetizar praticamente tudo que gosto de fazer. E ainda há muita coisa por vir”.

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