Frei Betto e Leonardo Boff no "Sempre Um Papo"

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
22/08/2014 às 08:35.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:53
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

Prestes a completar 70 anos, na segunda-feira (25), Frei Betto rejeita chamar a sua geração de “turma da melhor idade”. Para o frade dominicano e escritor de 60 livros, a melhor idade era quando tinha entre 20 e 30 anos. “A inventar eufemismos, prefiro dizer que somos a turma da ‘eterna idade’, pois biologicamente estamos mais próximos dela”, observa.

A velhice é um dos temas de seu livro “Reinventar a Vida”, que será lançado nesta sexta-feira (22), ao lado de outra obra recente, a ficção “Começo, Meio e Fim”, no Museu de Artes e Ofícios, dentro do projeto Sempre um Papo. Ao lado dele estará um velho amigo, Leonardo Boff, que apresentará a edição ampliada de “Francisco de Assis e Francisco de Roma”.

O frade mineiro, que já pôs a vida em risco ajudando militantes de esquerda na época da ditadura (relatado no livro “Batismo de Sangue”, depois levado ao cinema por Helvécio Ratton), diz não ter medo da velhice porque não teme a morte. “E ao olhar para trás, vejo que valeu a pena viver e viver com tanta intensidade e felicidade. Tenho fé que a morte é transvivenciação”.

Felicidade, por sinal, é uma palavra-chave para a compreensão de “Reinventar a Vida”, coletânea de textos sobre temas diversos como sabedoria de vida, consumismo, ecologia e terrorismo. “Gostaria que os leitores se sentissem mais conscientes de que a felicidade consiste em fazer os outros felizes”, registra Betto.

Ele afirma que não tem qualquer preconceito em relação à literatura de autoajuda (“Ela faz bem a muita gente e capta novos leitores que, depois, avançam para gêneros mais consistentes”, analisa), mas não enquadra sua obra nesse filão. “É uma coletânea de ensaios comportamentais, críticos e questionadores”, define.

O lado mais crítico surge na maneira como assinala, no texto “Guia do Espelho”, que o ser humano não passa de uma categoria econômica, razão maior das injustiças sociais. “O principal culpado é o capitalismo neoliberal, que não pretende formar cidadãos, e sim consumistas, e tenta incutir em todos nós a falsa ideia de que a felicidade resulta da soma de prazeres”.

Frei Betto destaca que os “valores” dos jovens da atualidade são a fama, a riqueza, o poder e a beleza. “Em vez de solidariedade fala-se cada vez mais de competitividade”, lamenta. E a solução não é apenas interior. “Bem disse o papa Pio XI, ‘a política é a melhor forma de amor’, pois só ela é capaz de erradicar as causas da miséria, da pobreza e do desequilíbrio ambiental”, alerta.

Após “‘Começo, Meio e Fim’, livro infantil que “trata de um tema delicado, a morte, importante de ser explicado às crianças”, o dominicano já tem no prelo mais dois livros: “Oito Vias para Ser Feliz” e “Um Deus Muito Humano”. E prepara outros três – um sobre a arte de escrever; o segundo a respeito das parábolas de Jesus; e, o terceiro, um romance, que ele prefere não adiantar detalhes.

Sempre um Papo – Com Frei Betto e Leonardo Boff. Nesta sexta, às 19h30, no Museu de Artes e Ofícios (Praça da Estação). Entrada franca
 
Um encontro entre ‘irmãos de fé’
 
Nessa segunda edição de “Francisco de Assis e Francisco de Roma – Uma Nova Primavera na Igreja” (editora Mar de Ideias), Leonardo Boff trata de questões como assumir um consumo responsável e viver Jesus em sua simplicidade.

Boff também assina a contracapa de “Reinventar a Vida”, de Frei Betto. “Somos irmãos de fé, de caminhada, de relações familiares, pastorais e profissionais”, avisa o dominicano.

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