A chef Cidinha Lamounier aposta nas frutas do cerrado como protagonistas

Cidinha Lamounier *
06/12/2015 às 10:15.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:14
 (Senac MG / divulgação)

(Senac MG / divulgação)

Alguém já ouviu falar, ou até mesmo experimentou, o sabor de cajá-manga, buriti, jatobá, cagaita, baru, pequi, melão-croá, tamarindo, coquinho azedo, maracujá nativo, jabuticaba nativa, e outras frutas com nomes ainda mais estranhos?

Pois então: algumas das principais frutas do cerrado estão finalmente a frequentar os nossos supermercados e feiras. Elas ainda estão um pouco tímidas, mas já estão sendo vistas pelos olhos e paladares aguçados dos especialistas da área de Gastronomia. Além do consumo in natura, começam a aparecer as geléias, licores e doces, garantindo renda extra para as famílias dos produtores rurais que resolveram investir nestes produtos.

Algumas variedades como o pequi, o jatobá e o baru são altamente nutritivas e com teores de vitaminas acima de frutas mais tradicionais, como uva e pêssego, além de proporcionarem maravilhosas criações.

É importante ressaltar que o trabalho, normalmente conduzido por cooperativas, tem garantido renda extra para as famílias interioranas, enquanto aumenta a oportunidade de outros brasileiros conhecerem um pouco mais os sabores e os benefícios dessas frutas.

Segundo pesquisadores da EMBRAPA, o jatobá, aquela fruta esquisita da casca marrom, torta, feiosa e com uma farinha verde dentro, grudada no caroço, é um dos exemplos mais representativos do potencial das frutas do cerrado. E é dele que vamos falar.

PRECONCEITOS
Pois desde sempre ouvimos falar o que sobre tal fruta? “Ah! Jatobá só serve para sujar os dentes de verde e grudar que nem chicletes”.

Pois este preconceito ou pré conceito vinha nos impedindo de ver que, além de ser um energético natural, o jatobá apresenta uma composição muito superior de potássio quando comparado com outras frutas. A concentração é três vezes maior que a da banana, por exemplo, o que o torna indicado para uma reposição isotônica até mesmo para atletas.

O uso na culinária chegou recentemente e o fruto tem sido transformado em farinha ou em suco para ser vendido no mercado. Além do potássio ele conta com alto teor de cálcio, fósforo, magnésio e ferro, que ajudam no crescimento de crianças e no equilíbrio de pessoas com osteoporose.

RECEITA

 

Barriga suína ao molho de cajá, manga e farofa de jatobá

Serve duas pessoas

Ingredientes
- 400g de barriga de porco carnuda
- 2 ramos de tomilho
- 2 ramos de alecrim
- 50g cebola desidratada
- 1 colher de sobremesa de sal grosso
- Pimenta do reino a gosto

Preparo
Tempere a barriga com todos os temperos e enrole firmemente em papel filme (10 voltas de papel).
Assar em temperatura baixa, cerca de 120ºC, por 1:30 horas. Retirar e deixar esfriar.
Aquecer o forno a 180ºc e colocar a barriga para dourar.
Depois pururucar a 250ºC.
Para o molho
- 50g de rapadura
- 300g de cajá-manga (usar a polpa e o suco)
- 200 ml de água
- 20 ml de cachaça
- 1 semente de cumaru ralada fino

Preparo
Derreter a rapadura com a água. Acrescentar o cajá-manga, cumaru ralado e a cachaça. Deixar reduzir até ponto de fio ralo. Coar antes de servir.
Para a farofa
- 50g de pancetta em cubos pequenos
- 5 unidades de jatobá
- 50g de farinha de milho
- 50g de bijú de mandioca
- 10g de cebola em flocos
- 100g de manteiga sem sal
- Sal e pimenta do reino a gosto
- Salsa repicada

Preparo
Descasque os jatobás e raspe a polpa. Leve ao liquidificador e aperte pulsar até dissolver os grumos formando uma farinha fina, peneirar e reservar.
Leve ao fogo uma panela com uma parte da manteiga.
Acrescente a farinha do jatobá, mexa , acrescente as farinhas de mandioca e de milho e mexa lentamente em fogo brando até que torre. Reserve.
Doure a pancetta. Acrescente a manteiga, cebola e a farinha de jatobá torrada.
Tempere com sal e pimenta do reino.
Finalize com a salsa repicada.

*Especial para o Territórios Gastronômicos
* Chef de Cozinha e Professora de Gastronomia Faculdade Promove

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