Jackson Cabral nos convida para uma viagem sensorial

Cristina Barroca - Hoje em Dia
20/09/2015 às 11:25.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:48
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Aos 9 anos de idade, ele fez seu primeiro bolo. E isso não é o início de uma história perfeita. O que parece ser um ato de um menino prodígio, foi, na verdade, uma travessura. “Minha mãe tinha saído de casa e, como eu sempre a acompanhava na cozinha, achei que eu tinha condições de fazer um bolo. Essa história terminou com um bom castigo. Minha mãe ficou muito brava”, lembrou o chef Jackson Cabral, coordenador do curso de gastronomia do Promove.

Cabral buscou se espelhar em um pouco da essência de cada familiar, no irmão que era doceiro, na irmã que se preocupava com etiqueta e boas maneiras, na mãe dedicada a servir e hospedar na pensão que administrava em um prédio já demolido, localizado próximo à praça Raul Soares, no Barro Preto, região Central de Belo Horizonte. Todas suas referências eram voltadas para a Gastronomia. “Não tinha como seguir caminho diferente”, avalia o chef.

Mas antes de se encontrar, Jackson Cabral se aventurou por diversas áreas. Prestou vestibular para Educação Física, trabalhou em bancos e dedicou boa parte de sua vida à atuação, como modelo e ator. “Consegui dar entrada em um apartamento seguindo a carreira artística. Foi uma boa fase da minha vida. Até que um dia eu descobri que não era o que eu queria para mim”, conta. E sobre buscar o que dá prazer na vida, Jackson entende bem. Ele concluiu que, para ser feliz, ele precisava abdicar de qualquer coisa que lhe era cômodo, para correr atrás do que realmente lhe dava satisfação. E foi com esse impulso que ele começou a se enveredar pela gastronomia.

Entre cursos de administração, gestão e hotelaria, descobriu o talento para trabalhar com educação e, juntando com a afinidade com a culinária, acabou nas salas de aulas de cursos de gastronomia. Ainda idas e vindas entre Minas, São Paulo e Sergipe, rendeu trabalhos em restaurantes, hotéis e cursos de gastronomia. Mais que isso, ajudou a estruturar e erguer, pelo menos, cinco programas de cursos gastronômicos pelo país.

Dedicado à educação, ele confessa que ama o que faz. “Amo estudar e pesquisar sobre gastronomia. Eu estou fora do trabalho, mas quero continuar falando de trabalho. Eu estou de férias viajando, mas estou de olho em tudo que envolve a culinária”.

Hoje, o futuro profissional de Jackson Cabral é muito claro para ele. “Pretendo continuar na educação, mas quero ir além do que ofereço hoje. Vejo necessidade de fazer algum trabalho solidário e levar meu conhecimento às pessoas que não tem condições financeiras. Não tenho ideia ainda de como vou fazer isso, mas estou na busca de parcerias para colocar em prática essa ideia”, revela o chef.


Para não dizer que não comemos as flores

“Durante três meses, a primavera nos dá o sabor, o cheiro, a crocância e a beleza das flores”. Foi pensando nisso que o chef e mestre Jackson Cabral marca o início da estação, que, no Brasil, se dá a partir do dia 23 de setembro, com uma “Salada Primavera”, um prato que pela vivacidade já instiga o prazer em comer. “E aos que apreciam comer ao ar livre, o barulho do vento acariciando as folhas é uma boa dica”, recomenda o professor. Leve e regado de cor, um verdadeiro e reduzido jardim comestível que se apresenta com paladar peculiar.

O gosto por trabalhar com análise sensorial é o que inspira o chef a elaborar pratos que proporcionam momentos gastronômicos que vão muito além de simplesmente se alimentar ou provar uma receita gostosa. A atenção especial em levar à mesa a experiência de cada garfada ter um sentido aguçado é restrito a quem tem realmente amadurecida a essência da gastronomia.

O ruído provocado pela amêndoa e o pistache quando mordidos, o aroma das flores, o frescor das folhas ao tatear a boca e a explosão do tomate e physalis ao se encontrarem com os dentes, são exemplos dessa vertente da culinária. “Eu gosto de viajar em um prato buscando esses sentidos. A gastronomia é tudo isso e, nela, temos a facilidade de trabalhar esses aspectos que levam prazeres únicos às pessoas”, explica o chef.

Para acompanhar o prato, Jackson Cabral optou por não elaborar nenhum molho especial, pois, segundo ele, qualquer incremento poderia tirar as propriedades naturais da salada primaveril, que são bem características. Ele recomenda o uso apenas de um azeite extra virgem e sal.

Apesar de parecer uma receita um tanto complicada devido a ingredientes pouco comuns, o professor garante que é fácil de ser preparada. Uma outra dica é que investir na montagem e abusar da criatividade. “A montagem é muito individual. Reproduzir a montagem de um prato é como copiar um quadro, é impessoal. Cada um pode dar sua própria versão à finalização”, conclui o chef.

Ingredientes
- 45 gramas de rúcula
- 2 folhas de alface Americana Baby
- 40 gramas de palmito
- 20 gramas de cenoura ralada
- 60 gramas de mini milho
- 100 gramas de peito de pato em pedaços picado grosseiramente
- 80 gramas de tomate Sweet grape
- 2 gramas de broto de beterraba
- 40 gramas dechampignon inteiro
- 2 gramas de broto de agrião
- 1 unidade de physalis
- 2 gramas de flores comestíveis
- 3 gramas deamêndoas laminada
- 3 gramas de pistache
- 1 fatia de presunto de parma

Modo de preparo
Todos os ingredientes devem ser higienizados e separados para que possa fazer a montagem. O preparo do pato (utilizou-se peito) foi cozido no suco de laranja e sal, durante 30 minutos.

Também pode ser utilizado peito de frango cozido com gengibre e sal. O palmito é desfiado para dar leveza ao prato. A cenoura ralada ou desfiada. A montagem da salada começa pelas folhagens, depois são dispostos os ingredientes mais pesados para os mais leves, finalizando com os brotos e flores comestíveis. Para acompanhar um azeite extra virgem e sal a gosto.

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