Grupo Pigmalião leva à cena o Marques de Sade com marionetes

Jaqueline da Mata - Hoje em Dia
17/06/2013 às 08:24.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:11

Com quatro metros de altura, a marionete correspondente ao polêmico Marquês de Sade, do grupo Pigmalião Escultura que Mexe, está de volta à cidade. O espetáculo "A Filosofia na Alcova" poderá ser visto entre os dias 28 e 30 deste mês, no Galpão Cine Horto. Em seguida, a peça retorna à França para o "Le Manifeste, Rassemblement International pour um Théâtre Motivé", em Grande-Synthe, norte do país. A companhia é a única no gênero convidada pelo festival.

Conhecido pelo realismo e sofisticação de seus bonecos, o Pigmalião começou a impressionar os franceses em 2011, no "Festival Formes Brèves Marionnettiques Orbis Pictus", em Reims, com uma cena de 18 minutos de "A Filosofia na Alcova". "Desta vez vamos levar o espetáculo inteiro, com 1h20 de duração", comenta o diretor, Eduardo Felix, que já cruzou o Atlântico com outro espetáculo da companhia, "Seu Geraldo Voz e Violão" (veja box).

Agora, a companhia foi selecionada pela curadoria na rodada de negócios do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua (FIT-BH 2013). O convite prevê, ainda, a realização da oficina "Marionetes Incendiárias" na França que vai gerar outro espetáculo: "Franceses mais Um Esforço se Quereis ser Republicano".

Reflexão

Sobre "Filosofia", Felix enfatiza que marionetes têm licença para falar mais cruamente e até mesmo "fazer" certos atos no palco sem chocar tanto. "O espetáculo não é para qualquer público, é forte, tem cenas de violência e sexo explícito", destaca.

Ainda do exterior, o diretor recebeu convite para ministrar uma oficina de bonecos e exibir seus trabalhos no festival de cenografia "Word Stage Design", em Cardiff, País de Gales, entre 5 e 15 de setembro. "Vamos compartilhar técnicas diferentes das tradicionais". E explica que, enquanto um teatro de marionetes, no geral, utiliza 12 fios, seu espetáculo requer 22, uma técnica bastante desafiadora.

Prova desta sofisticação pode ser conferida no andar preciso dos bonecos, que deslizam como os humanos, e nas relações destes com os atores. "Tem um momento, por exemplo, no qual a marionete é torturada com a própria cruz que lhe dá os movimentos", destaca o artista.

O grupo já está empenhado em novo trabalho, "O Quadro de Todos Juntos", que tem estreia prevista para novembro. É inspirado na tela "A Família de Carlos IV", de Goya, e no livro "A História da Loucura", de Michel Foucault. Felix comenta que o objetivo é sempre provocar reflexão. A nova peça, por exemplo, se debruça sobre "pequenas loucuras familiares".

Grupo obteve apoio para realizar oficinas

A aprovação no Fundo Municipal de Cultura de Belo Horizonte possibilitou, ao Pigmalião, a realização, desde abril passado, de oficinas gratuitas oferecidas ao público. Entre elas, "A Representação do Movimento na Marionete", "Construção de Marionetes", "Restauração e Acabamento de Marionetes" e "A Relação entre o Ator e o Boneco".

Em agosto, será a vez da oficina de "Sombras". Mais informações podem ser obtidas pelo 3421-4682.

Além dessas capacitações, aprendizes foram selecionados para trabalhar no ateliê e para estagiar na produção do grupo. "Como estamos em fase de montagem de um espetáculo, os aprendizes têm a possibilidade de vivenciar os processos de criação do grupo e a construção dos bonecos", explica Felix.


Serviço

"Filosofia na Alcova". Dias 28 e 29, às 20 horas, e dia 30, às 19 horas, no Cine-Horto (rua Pitangui, 3613, Horto – 3481-5580). Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$10 (meia).

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