Há dez anos, o Inhotim muda o olhar das pessoas sobre a arte contemporânea

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
26/08/2016 às 14:47.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:33
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Até pouco tempo atrás, era comum tratar a arte contemporânea com estranhamento e, até, um certo desdém. Embora muito famosos no exterior ou no circuito de galerias, artistas brasileiros eram pouco conhecidos pelo público não especialista. O Inhotim mudou completamente a relação do público comum com o universo da arte contemporânea. 

O espaço de Brumadinho – que é um misto de parque, jardim botânico, museu, experiência arquitetônica e mecenato para grandes obras de arte – permitiu que visitantes do mundo inteiro pudessem experimentar a arte de uma maneira diferenciada. Viram que o que é feito desde meados do século passado pode ser muito divertido. 

E mais: grandes artistas brasileiros como Adriana Varejão, Cildo Meireles, Hélio Oiticica e Tunga passaram a fazer parte do repertório de pessoas que não costumam circular por galerias. 

O instituto celebra dez anos de abertura à visitação em setembro e, para falar de sua importância artística, social e econômica para Minas Gerais, o Hoje em Dia publica uma série de reportagens até quinta-feira. 

Surpresa
Quem parar para conversar com os visitantes do local, poderá ver uma reação comum a todos eles. A maioria se descreve como surpresos em relação à exuberância do local.

Como foi com Paulo Haga, de Bragança Paulista (SP), que pediu à sua guia de turismo de confiança para arrumar uma viagem a Brumadinho. “A primeira vez em que ouvi falar do Inhotim foi em 2010, quando estava em um hotel de Belo Horizonte a trabalho. Ouvi que um hóspede estava aguardando o transporte para ir para lá e fiquei muito curioso”, lembra Paulo, hoje aposentado, aos 64 anos. “Uma pena que fizemos um passeio de um dia. Vimos que é preciso vir pelo menos dois dias para ver tudo tranquilamente”. 

Leila Mansur, de Ourinhos (SP), comprou um pacote turístico para passeios em cidades mineiras. Não imaginava que havia um lugar tão especial em Brumadinho. “Estou completamente surpresa e encantada. Não imaginava encontrar um lugar tão maravilhoso com obras de arte encantadoras e plantas belíssimas”, diz a aposentada, que apontou a obra “I Am Not Me, The Horse Is Not Mine”, do sul-africano William Kentridge, como um dos destaques. Lucas Prates/Hoje em Dia / N/A

TURISMO – Paulo Haga veio com a esposa e amigos de Bragança Paulista

A mesma empolgação da Olimpíada

O roteirista francês Nico Robin trouxe a família para curtir os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e aproveitou para dar uma esticadinha até Inhotim. Ele imaginava que seus dois filhos poderiam ficar um pouco entediados com um ambiente de arte contemporânea, mas ficou surpreso com a reação das crianças. 

“As crianças ficaram tão felizes e empolgadas no Inhotim quanto estavam nos Jogos Olímpicos”, afirma Nico. “Não sabíamos nada sobre o que veríamos aqui. Estamos surpresos pela beleza do lugar e pelas maravilhosas exposições de arte”, completa. 

Ele é um dos vários estrangeiros que vêm ao Brasil interessados em conhecer o maior museu de arte a céu aberto do mundo. 

Guia
Tércia Harry vai ao Inhotim pelo menos duas vezes por semana. Ela é guia de turismo contratada para acompanhar grupos que compram pacotes de viagem para cidades mineiras. 

Como as possibilidades de visita são múltiplas e há 23 galerias no parque (fora as dezenas de obras e destaques botânicos), para cada grupo é feito um trajeto diferente. O fato de haver mais jovens ou mais idosos num grupo também faz diferença, já que o Inhotim exige uma boa disposição para andar.

“Primeiramente, eu pergunto às pessoas quais são suas expectativas, o que já viram na internet e querem conhecer. Normalmente, elas já chegam querendo ver as galerias referentes a Adriana Varejão e Cildo Meireles. Ninguém vai embora sem entrar no quarto vermelho”, conta a guia, se referindo à famosa obra “Desvio para o Vermelho”, de Meireles.

Para dar conta de falar de todas as obras, Tércia se informa a todo momento. Sempre que tem um momento de descanso no Inhotim, ela aproveita para ir à biblioteca do instituto e pesquisar sobre obras e artistas. “Tenho muita curiosidade. É isso que me faz querer saber sempre mais”. Lucas Prates/Hoje em DiaESTRANGEIROS – O francês Nico Robin trouxe toda a família para o Inhotim

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