Jornalista mineira Daniella Zupo cria websérie com relatos sobre sua jornada no tratamento de câncer

Vanessa Perroni
vperroni@hojeemdia.com.br
16/09/2016 às 20:14.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:52
 (AHO / Divulgação)

(AHO / Divulgação)

Diagnóstico e tratamento difíceis de um tumor foram transformados pela jornalista mineira Daniella Zupo em um relato íntimo e honesto sobre como lidar com a doença. Durante a jornada, iniciada no fim de 2015, ela criou a série documental “Amanhã Hoje É Ontem – Diário de Um Câncer”. Desde o início do mês, ela posta um episódio por semana na internet.

Em um primeiro momento, a ideia surgiu como um exercício quase terapêutico. “Foi para me ajudar a elaborar a questão. Comecei a gravar em tempo real, pois se fosse transformar em algo depois (como acabou acontecendo) faria mais sentido”, explica ela, que fez um caminho natural para alguém ligado ao audiovisual. 

Com um olhar que humaniza a experiência, a série é “uma contribuição como jornalista e mulher”, afirma. O trabalho pode ajudar pessoas que compartilham o mesmo sentimento, ou mesmo quem nunca vivenciou o processo. 

Para Daniella ainda há muita desinformação causada por uma série de preconceitos e por medo. “A série pode ajudar até mesmo quem não tem ideia do que se passa na jornada de um câncer. Espero que possam ter um olhar mais generoso e menos preconceituoso”, anseia. 

Reflexões
Para além do câncer, os episódios mostram uma experiência de superação de uma situação limite. “A gente passa a entender o que parece óbvio. O que realmente importa?”, questiona. 

As filmagens mostram o tratamento, as transformações físicas, os momentos de reflexão, conversas com médicos, amigos e consigo mesma. O tom íntimo do trabalho se dá pela equipe que acompanha a jornalista. A edição ficou por conta do profissional e amigo Gustavo Kassamba, e as filmagens são feitas por Marcus Leskovsek, marido de Daniella, que assume a “câmera íntima”, como chama. 

“Montamos uma ilha de edição na minha casa que gerou uma energia para o projeto. Seria completamente diferente se tivesse procurado uma produtora. O resultado é de uma equipe que respeita todo meu tratamento”.

 AHO / Divulgação Daniella e a equipe íntima que a acompanha na jornada

 Outra pessoa fundamental é sua filha de 10 anos – a quem dedica o projeto –, autora da frase que intitula a série. “Essa foi uma pergunta que ela me fez aos cinco anos. Ela tentava entender a diferença entre os tempos”, explica. A pergunta foi transformada em afirmação por Daniella. “Entendi que nessa frase “Amanhã Hoje É Ontem” estava a síntese do que queria dizer para todo mundo. Tudo está conectado e vai passar”, acrescenta. 

A série segue até o final do próximo mês, como ação do “Outubro Rosa”, campanha de conscientização do câncer de mama. Os vídeos são disponibilizados todas as quintas-feiras, às 17h, em seu canal no Youtube e também em na página (facebook.com/amanhahojeeontem). Todos com legenda em inglês. “Espero que corra o mundo e encontre todos a quem possa servir de alento ou inspiração. Que as pessoas de deixem afetar”, conclui.

 Assista ao primeiro episódio da websérie:

 Projetos ajudam a superar a dor e aumentar a autoestima 

Dos momentos difíceis surgem iniciativas para auxiliar na superação da dor. Em Belo Horizonte, a tatuadora Renata Espinelly, de 30 anos, oferece duas tatuagens por mês, gratuitamente. Uma para mulheres que tiveram câncer de mama e outra para homens transexuais – ambas com a finalidade de cobrir a cicatriz de uma mastectomia. Arquivo Pessoal tatuadora Renata Espinelly

 “Sempre quis usar minha profissão para ajudar as pessoas. E encontrei uma forma com esse projeto”, elucida a tatuadora, que colocou a iniciativa em prática em outubro do ano passado, mês da campanha de conscientização do câncer de mama. “A pessoa entra em contato por telefone e agendamos o horário. Quando ela vem, conta sua história e chegamos em um acordo sobre o desenho”. 

A ação ajuda na autoestima de quem recebe a tatuagem, mas também modifica a vida da tatuadora. “Sou uma pessoa muito apegada à espiritualidade. Você vê no olho da pessoa uma energia boa, de que ela está fazendo algo que sempre quis depois da cirurgia. É gratificante”, comenta a profissional que possui a página facebook.com/Renataespinelly onde estão alguns de seus trabalhos.

 Calendário 

 Francis Prado / Divulgação 

Autoestima – Calendário traz mulheres que passaram ou passam pelo tratamento de câncer em Uberaba 


Em Uberaba, 12 mulheres que passaram ou ainda estão em tratamento contra o câncer estamparam um calendário de 2016. A renda arrecadada com as vendas foi destinada ao Hospital Doutor Hélio Angotti.

Todos que trabalharam na sessão de fotos foram voluntários. “O trabalho leva uma mensagem de superação e fé. Tem muita história nessas fotos e isso ajuda na autoestima delas”, afirma a fotógrafa do calendário Francis Prado.

 Pelo Brasil
Há 10 anos, a jornalista e escritora Vera Golik e o fotógrafo e sociólogo Hugo Lenzi criaram o projeto “De Peito Aberto” que une uma exposição fotográfica e palestras interativas pelo país. Por onde passam mostram a história de vida de mais de 50 mulheres do Brasil, Espanha e Estados Unidos, entre 18 e 70 anos.Hugo Lenzi / Divulgação / N/A“De peito aberto” – Projeto fotografa mulheres em tratamento de câncer e promove palestras pelo mundo

 Com abordagem artística e humanística, eles tentam mostrar como é possível transformar a maneira de lidar com a doença. “Eu e Vera tivemos vários casos na família e isso nos motivou a falar do tema de forma mais humana e tirar o estigma que ronda o assunto”, comenta Lenzi, que contabiliza mais de 40 exposições e 80 palestras pelo mundo.

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