Uma das maiores investigações de lavagem de dinheiro no Brasil, a “Lava Jato” foi prato cheio para o músico e humorista Juca Chaves. Conhecido por suas sátiras políticas, desde os anos 1950, ele criou o espetáculo “Em Ritmo de Lava Jato”, que cumpre duas sessões no Teatro Bradesco, amanhã e domingo.
“A honestidade há muito já sumiu/As consequências vêm sempre depois/ Por isso, todo dia, pra alegria do Brasil/ Morre um ladrão e nascem dois”, diz a canção “Adeus em Ritmo de Lava Jato”, que faz referência ao esquema de desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, empreiteiras, e ainda cita, de forma discreta, o impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Apenas a arte do humor. Nada mais”, afirma Chaves, quando questionado sobre o papel da arte ao levantar tais assuntos. Para ele, a corrupção “atingiu um ponto tão alto que já virou humor”.
Famoso pelo bordão “Ajude o Juquinha a comer seu caviar”, ele enaltece o juiz Sérgio Moro. “É um herói”, afirma. E isso fica claro em sua canção, espalhada pelas redes sociais.
Mas tece críticas à classe política. “Político desonesto sempre teve, porque o país é desonesto. Mas também se fôssemos muito corretos, não teríamos esse humor. Não seria o Brasil”, conclui o artista, que já se candidatou a senador na Bahia.
Modinhas
Acompanhado pelo tradicional alaúde – modificado na Itália para ser tocado como um violão de seis cordas[/TEXTO] –, e uma “orquestra invisível”, o músico vai desfiar também suas modinhas de amor e humor. Entre elas, “Sentir-se Jovem” e “Filhas do Coração”. “Gosto dessa música brasileira mais tradicional”, elucida.
A fórmula sátiras e modinhas, Juca Chaves não muda muito. Aos 78 anos, sendo 60 de carreira, ele diz que faz shows para atender aos credores. “Quando a fila dos credores é maior do que de público, é hora de trabalhar”, brinca.
Serviço: Juca Chaves “Em Ritmo de Lava Jato” – Teatro Bradesco (rua da Bahia, 2244, Lourdes). Amanhã, às 21h, e domingo, às 19h. Ingresso: R$ 80 e R$ 40 (meia)