Lançado em DVD, desenrolar de ‘Hércules’ mostra ‘um bruto que ama’

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
23/02/2015 às 08:01.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:06
 (PARAMOUNT/)

(PARAMOUNT/)

Apesar de seu estilo mais pop, acentuando o humor nos diálogos e até nas cenas de ação, “Hércules” não é muito diferente de “Noé” e “Êxodos: Deuses e Reis”, ao buscar a desmitificação de personagens bíblicos e extraídos da mitologia grega.

Lançado em DVD pela Paramount, o filme protagonizado por Dwayne Johnson tem como ponto de partida a humanização de Hércules, assim como Noé e Moisés deixaram de ser sinônimos de perfeição, incorporando a violência e a dúvida.

O filho de Zeus, por sua vez, já surge como uma farsa, fruto de contadores de histórias que exageraram em seus feitos e dos políticos, carentes de alguém para poder manipular o povo. Na verdade, ele é um mercenário que aceita qualquer trabalho por dinheiro.

Mas, vamos descobrir no desenrolar da história, que é “um bruto que ama”, com sua própria ética, nada muito diferente do que já vimos em filmes policiais, em que o maior inimigo é a mentira e a falta de lealdade.

Depois de perder mulher e filhos, ele vive como um ronin, samurai errante sem um mestre para servir. Seus colegas de bando são igualmente pessoas à margem. Nessa união se encontra a “grande mensagem” do filme, sobre o verdadeiro ato de heroísmo.

Não é preciso ser um semideus para se sacrificar em prol do outro, resume o vidente interpretado por Ian McShane. Mas não leve isso muito a sério: o filme não passa de uma aventura leve, que só não pode ser definida como “Sessão da Tarde” devido ao vocabulário forte, recheado de agressões de cunho racista.

A luta bem versus mal, na ótica do diretor Brett Ratner, obedece a velha lógica dos antagonistas burros, que revelam suas verdadeiras intenções quando estão diante do mocinho preso e indefeso. Papel que cabe a atores de gabarito, como Joseph Fiennes e John Hurt.

Em comparação a outros filmes recentes de batalha, as cenas de confronto não são realistas. Muitas vezes parece um sub-“300”, sem se preocupar com o exagero. Os vilões são caricatos e nem mesmo os protagonistas parecem transmitir algo diferente do que o esperado desfecho salvador.

Entre os heróis de ação, Johnson continua sendo um dos poucos que conseguem mostrar um tiquinho a mais do que bíceps avantajados, desenvolvendo bem sua queda para a comicidade. Fiennes, no entanto, faz um rei tão maneirista que quase estraga o clímax de “Hércules”.

“Hércules” (EUA, 2014). Direção: Brett Ratner. Com Dwayne Johnson, Ian McShane, Joseph Fiennes, John Hurt.

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