(Reprodução)
Vô e vó poderiam estar sempre conosco. Mas a vida, a gente sabe, tem prazo de validade por aqui. As lembranças guardam histórias, imagens, cenas, palavras, carinho e muita saudade. Da grande gaveta de memórias de Regina Gulla, parece ter saído “Diário de um Neto”, livro poema, com ilustrações texturizadas e palavras ora divertidas, ora delicadas como vento suave no rosto.
O Programinha escolheu esse livro em homenagem ao Dia dos Avós, celebrado em 26 de julho. Especialmente para quem desfruta da convivência deles e sente afeto e prazer de estar juntinho, no almoço de domingo, nos dias gostosos das férias.
Regina Gulla, a autora, é professora de escrita literária na oficina Gato de Máscara e seu livro fala de avós à moda antiga. Um casal que se entende e se ama, com vó paciente e generosa - “minha avó é de algodão”, revela o neto e narrador. Ela também seca os olhos no varal para esconder a tristeza e não alarmar ninguém.
O vô tropeça em algumas palavras e garante: “isso deixa a gente caloroso”. O garoto não explica, mas a gente entende que eles já estão velhinhos, por isso vivem da sabedoria acumulada nas pequenas coisas da vida. Aquelas que aquecem o coração - como histórias divertidas e muitos casos; e enchem a barriga, como doces e pães feitos em casa.
As 32 páginas do “Diário de um Neto” são preenchidas e ilustradas por lembranças dos avós, da tia que ficou solteira e do garoto descrevendo hábitos e ternuras em uma casa com quintal e tacho para fazer doce de leite na cozinha. Tempos modernos, século 21, hoje muitos avós se distanciaram dessa imagem de tranquilidade, como se fossem avós-poemas.
Muitos têm uma vida corrida, trabalham muito e tem vó que nem cozinha - por falta de tempo ou por falta de gosto. Porém, os avós modernos, com página no facebook e outras “modernidades”, têm em comum com os avós à moda antiga o que parece ser imenso como o universo: o amor!