"Chuva de Poesia" vai colorir Ouro Preto no domingo

Jaqueline da Mata - Do Hoje em Dia
02/08/2012 às 12:05.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:03
 (Lucas de Godoy/Divulgação)

(Lucas de Godoy/Divulgação)

Uma forte e inusitada chuva cairá em Ouro Preto no próximo domingo (5). É a "Chuva de Poesia" – trabalho desenvolvido, desde 1994, pelo poeta e artista gráfico Guilherme Mansur. Aproximadamente 5 mil lâminas coloridas serão "cuspidas" das torres da estação ferroviária da cidade histórica, às 9 horas.
 
Neste ano, a "chuva" vai unir a engenharia de João Cabral de Melo Neto e a batida-beat de Paulo Leminski; o poema-ideograma de Seiichi Niikuni e o caligrama de Guillaume Apollinaire. Terá ainda o lirismo de Murilo Mendes com a poesia naturalista de Gerard Fieret, o expressionismo de Arno Holz, a chuva oblíqua de Fernando Pessoa e o poema fragmentado de E.E.Cummings.

"As fortes ladeiras de Ouro Preto ajudam a Chuva de Poesia’, pois permitem que o vento jogue os poemas através dos gradis das sacadas e janelas das casas. Há até colecionadores desta chuva", conta Mansur.

Com um lirismo próprio de sua fala, Mansur conta que esse é um evento bonito de ser ver e sentir, uma vez que a luz do sol bate nas lâminas provocando um efeito multicor no longo percurso do alto até o chão. "É uma cidade cenário, os adros, os largos se reúnem se encontram. O sol é o farol que ilumina a ‘Chuva de Poesia’. Visualmente, é como se as pessoas falassem com as poesias em queda livre", comenta o poeta.

Chuva serve de tema

Diferente de outras edições, esta tem como tema a própria chuva: "Nove Chuvas". "A cada edição eu trato de algum tema para fazer chover uma apanhado de poesias que se relacionam. Essa tem no corpo a própria chuva", antecipa.
O artista faz questão de enfatizar que a palavra "poesia" é no singular por ser mais bonito e mais marcante: "É uma chuva de poesia que reúne nove poemas".

Mansur destaca que essa "chuva" é uma maneira de aproveitar o cenário da cidade, as torres das igrejas e demais construções seculares. Cita ainda o vento que como ele diz é um "arauto" que espalha a poesia. "Não existe ação visual do homem e sim do fato", destaca o artista.

A "Chuva de Poesia" encerra o evento "Fotógrafos em Ouro Preto", que começa hoje na cidade, com a participação de nomes como Walter Firmo, Dimas Guedes, Eduardo Trópia, Alexandre Martins, Léo Drummond, Germano Netto, Sylvio Coutinho e UaiPhone – coletivo internacional de fotógrafos.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por